Escolhendo
a área
Para
escolhermos a área onde vamos implantar nossa machamba precisamos considerar
alguns aspectos:
A machamba
ou horta deve-se localizar o mais próximo da residência ou ponto de acesso. Devemos considerar, neste
caso, que a caminhada por longos caminhos com o peso de ferramentas,
equipamentos e insumos ou ainda a colheita pode ser desestimulante ou mesmo
impraticável.
Temos
ouvido de muitas pessoas que têm machamba que os produtos acabam estragando no
campo porque elas não conseguem transporta-los. Imaginem carregar uma abóbora
de 10 kg por 2 ou 3 quilometros.
É claro que
cada caso é específico e nem sempre essa escolha é possível.
Precisamos
estudar a localização da machamba\horta levando em consideração nossa fonte de
água. Quanto mais próximo estivermos da fonte de água melhor será.
Se possível
é interessante que o ponto de abastecimento de água fique num ponto central a
toda a área a ser cultivada.
Precisamos
observar nosso solo verificando pontos de salinização, inundação, umidade, seca
e outros aspectos que possam influenciar nossa produtividade.
Além disso,
precisamos observar a vegetação já existente e absorver informações que possasm ser úteis ao cultivo.
Observar o
uso anterior da área. Áreas onde existiam antigos hospitais e cemitérios, por ter substâncias
tóxicas enterradas em seu solo proveniente de práticas médicas, medicamentos,
ou mesmoequipamentos, instrumentos e caixões, podem ser inviabilizadas para a prática agrícola.
Antigos
depósitos de lixo podem estar contaminados com metais pesados, óleos, produtos
químicos persistentes que podem se transferir para os alimentos ali plantados.
Antigas
oficinas mecânicas ou áreas de abastecimento de combustíveis podem possuir
contaminantes provenientes de óleos e combustíveis, extremamente prejudiciais a saúde humana.
Portanto,
verifique o histórico da área e certifique-se que seu uso anterior não irá atrapalhar na qualidade de seus
produtos.
Limpando
a área
Esse é um
dos passos mais importantes na implantação das hortas\machambas. Definitivamente
Agricultura Natural e sujeira não combinam. Só lembrando que capim, folhas e
restos vegetais não são lixo. O lixo, no contexto desse nosso trabalho, é constituído de plástico, papel, metal,
vidro, restos de tecido, ou seja, aquilo que é produzido pelo homem.
As folhas,
capins e restos vegetais devem ser mantidos nas machambas para que possam ser
utilizados para fazer nosso composto vegetal que usaremos para montar nossos
canteiros.
Outro ponto
importante ao fazermos limpeza é não queimarmos o lixo. Quando colocamos fogo
no lixo liberamos no ar substâncias tóxicas que podem causar doenças
pulmonares, doenças de pele e até cancro.
De forma
alguma devemos colocar fogo em toda a machamba com a finalidade de nos
livrarmos do “mato”, esse procedimento acaba não só com a matéria orgânica que
poderíamos utilizar como composto, mas também mata a vida do solo
(microorganismos, fungos, microfauna e microflora).
Também não
devemos enterrar o lixo ou jogá-lo em cursos d’água como rios, lagos ou
represas. Esse procedimento polui nossos solos e fontes de água, assim como a
queima polui o ar, liberando no ambiente substâncias nocivas à natureza e à
saúde humana.
O ideal é
acondicionar o lixo de maneira adequada, em contentores ou embalagens plásticas
e encaminhá-los aos locais oficiais de
destinação de lixo como os contentores públicos, a coleta pública de lixo, ou
mesmo diretamente as lixeiras.
Se a área
escolhida para a implantação da machamba tiver sido um local de deposição de
lixo, é necessário retirar todo ele ou mesmo mudar o local da machamba,
implantando neste local um jardim que ajudará na recuperação do solo.
Preparando
a área
Ao iniciarmos
a preparação da área é importante retirarmos a vegetação e revirarmos a terra
somente da área a ser trabalhada. A manutenção de áreas com vegetação
espontânea pode nos auxiliar no controle biológico de nossas áreas, ou seja,
pode impedir que insetos, fungos, bactérias, ou ervas transformem-se me
“pragas”. Note que eles ainda existirão na área, mas não aumentarão em número
que os possa transformar em “pragas” e atrapalhar a produção.
Além disso,
o preparo do solo muitas das vezes o deixa sem proteção, expondo-o ao impacto das chuvas torrenciais e ao sol forte das zonas tropicais, o
que poderá compactar o solo, lavar a camada fértil e matar a microbiota existente no local, dificultando
o cultivo subsequente.
A
preparação de pequenas áreas deve ser feita de preferência manualmente
usando-se enxada ou outro instrumento que auxilie o processo. Se for
necessário, pode-se cortar a vegetação espontânea no entorno ou nos caminhos,
mas esta deve ser deixada onde foi cortada formando uma camada de matéria
orgânica chamada mulch.
Para áreas
maiores pode ser necessária a utilização de máquinas, mas é importante, na
medida do possível, tentarmos utilizar máquinas leves que evitarão a compactação
do solo, como motoenxadas ou microtratores, sempre lembrando de trabalharmos
apenas a área que será plantada imediatamente ou em poucos dias.
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