sábado, 12 de julho de 2014

AULA 20: Conceituando a agricultura urbana

1. Conceituando a Agricultura Urbana
(Capítulo 1 do Módulo 4 da apostila do Curso de Agricultura Natural em Moçambique)

A agricultura urbana como sugere seu próprio nome é aquela que é praticada em pequenos espaços dentro das cidades e em seu entorno, nesse caso chamada agricultura periurbana.

Precisamos lembrar que a agricultura sempre esteve ligada diretamente às cidades. Já vimos no Módulo 1 desse nosso Curso de Agricultura Natural que a possibilidade da fixação do homem, ou seja, a passagem do modo nômade de vida para o modo sedentário, e a formação de pequenos grupos familiares, que formam futuramente as urbes e cidades, é diretamente atribuído ao advento da descoberta e prática da Agricultura.




Assim, falar em agricultura urbana é retornar a origem da agricultura que com a modernização, crescimento e verticalização das cidades foi sendo afastada para os campos agrícolas e deixando de fazer  parte do dia-a dia das populações urbanas.

Claro que, como em todas as regras, existem excessões e com este tema não é diferente. A agricultura continua a ser praticada em muitas cidades ao redor do mundo. Em algumas cidades, esse processo deixou de existir em algum momento mas em muitas delas está a ser recuperado, em outras urbes essa recuperação da agricultura urbana é recente mas em todo o mundo é um processo atual que vem a cada dia aumentando em número e formas diferentes de ser implantado.

Pelas próprias características das propriedades e seus tamanhos, a agricultura urbana baseia-se na agricultura familiar ou nas pequenas propriedades agrícolas.

Em muitos locais esse tipo de agricultura é feito quase como um hobby ou, como já ouvimos algumas vezes, é praticada como se fosse uma espécie de agricultura psicológica. Mas os objectivos da agricultura urbana tem mudado e passaram na última década a ser a produção de alimentos em quantidades suficientes para alimentação humana e uma forma de obtermos alimentos mais frescos e de melhor qualidade perto de nossas casas.

Por ter um caráter familiar, de subsistência, sem muitas vezes uma preocupação com a comercialização dos produtos, a agricultura urbana geralmente não faz uso de agrotóxicos, ou quando a faz estes são usados em pequenas quantidades. Desta forma, os produtos produzidos neste sistema podem ser considerados mais saudáveis.

Além disso, são produtos produzidos próximo ao consumidor, portanto são geralmente mais frescos, já que não precisaram ser descolados a longas distâncias. Como não precisam ficar durante um longo período em deslocamento, é reduzido também o uso de produtos conservantes nos alimentos, garantindo produtos de melhor qualidade. Além do mais, reduzimos também as quantidades de combustível utilizada para o deslocamento da produção, contribuindo também para a redução da pegada de carbono desse tipo de produção agrícola.

Além das hortas ou espaços agrícolas familiares ou comerciais, encontraremos nas cidades e seus entornos outros tipo de espaços que vêem crescendo nos últimos anos, as chamadas hortas comunitárias ou institucionais.

Esses espaços geralmente são geridos de forma comunitária e atendem comunidades, geralmente carentes, escolas e outras instituições reduzindo assim os custos destas com a aquisição de alimentos, e garantindo melhor nutrição, principalmente aos grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos, gestantes e pessoas carentes. A coletividade é responsável pela produção de alimentos e se beneficia diretamente com uma alimentação mas saudável e mais diversificada.

Precisamos ressaltar que muitas das vezes o desenvolvimento das cidades é feito sem nenhum planejamento e zoneamento das áreas, assim muitas das áreas consideradas produtivas para a agricultura acabam por transformarem-se em zonas habitacionais. Desse modo, a prática agrícola nessas áreas é mais do que justificável.

Consideremos também que o exôdo rural tem se acentuado cada vez mais e um número cada vez maior de pessoas habitam nas  zonas urbanas. Considerando essa maior quantidade e uma maior importação de alimentos pelas cidades podemos verificar que todo esse processo causa grandes danos ambientais e sociais que podem ser minimizados pela implantação das hortas urbanas.
Essa minimização pode ocorrer devido ao melhor aproveitamento dos espaços urbanos, como praças, terrenos vazios, canteiros de vias públicas, garantindo uma proteção ambiental de seu solo, bem como a melhoria da segurança do local, evitando a ocupação destes terrenos por atividades indesejadas.
A redução da pressão ambiental pode-se refletir não somente na cidade, mas também, no campo com a redução dos espaços utilizados para a produção de alimentos para a cidade.

Portanto, dessa forma vemos cada vez mais iniciativas para a ocupação de espaços urbanos para a produção de alimentos saudáveis, sejam apoiados por instituições governamentais, não governamentais, religiosas, comunitárias, sociais, desportivas, educacionais, etc.


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