quarta-feira, 21 de maio de 2014

AULA 13 - Texto de apoio


9. Tratos culturais
(Capítulo 9 do Módulo II da Apostila do Curso de Agricultura Natural)

Tratos culturais são operações agrícolas que devem ser realizadas durante o período de desenvolvimento das culturas, de forma que a planta possa expressar o máximo de seu potencial de produção. Dentre estas práticas podemos citar: adubação de manutenção, capina, escarificação, desbaste, tutoramento, controle de insetos, cuidados com rega, cuidados no transplantio e amontoa.




Adubação de manutenção
Antes de iniciarmos o plantio ou transplantio das culturas no campo, preparamos o solo de forma a garantir os nutrientes para o seu desenvolvimento através da ativação de sua microbiota, principalmente. No entanto, por vezes estes nutrientes incorporados ao solo durante seu período de preparo não são suficientes para garantir o bom funcionamento do sistema até que as culturas atinjam seus respectivos pontos de colheita, bem como suas produções desejadas. Sendo assim, é importante fazermos a adubação de manutenção das culturas, lembrando sempre que a matéria orgânica incorporada ao solo servirá para manter ativa sua biologia.
Esta operação consiste em colocar compostos orgânicos previamente decompostos ao redor de cada planta, tomando-se o cuidado para não colocá-los sobre a planta, pois isso poderia ocasionar queimaduras devido ao processo de decomposição da matéria orgânica parcialmente decomposta. Essa prática deverá ser realizada quando observarmos que as culturas estão apresentando alguma deficiência e/ou paralisação no seu desenvolvimento.
Capina (sacha)
A capina (sacha) deve ser praticada periodicamente, à medida que observarmos que a vegetação espontânea está se desenvolvendo mais que as culturas principais. O capim retirado do local, poderá ser incorporado novamente ao solo ou mesmo servir como composto para o próximo cultivo.

Escarificação

Com as regas diárias dos cultivos, o solo, quando for de textura média ou argilosa, tende naturalmente a ficar parcialmente compactado em sua superfície, trazendo como consequência a redução da infiltração da água, o impedindo o desenvolvimento adequado das raízes das plantas, bem como absorção de nutrientes. Sendo assim, ao observarmos uma redução no desenvolvimento das culturas, devemos fazer uma leve escarificação, ou seja, revolver a terra com um ancinho ou sacho manual ao redor de cada planta ou linha de plantio, de modo que o solo fique mais fofo e permeável. Durante esta prática, devemos tomar o cuidado para não ocasionar a quebra ou danos às raízes. O uso constante de cobertura morta pode ajudar a evitar a necessidade desse tipo de trato cultural.

Desbaste

O desbaste de plantas, é uma operação agrícola que consiste em arrancar as mudas excedentes que se desenvolvem nos canteiros das hortícolas que foram plantadas diretamente. Um exemplo prático é o caso do plantio de cenoura e beterraba. Durante a semeadura, normalmente colocamos mais de uma semente em um único sítio dentro da linha de plantio com objetivo de garantir a germinação. Com isso, ao germinar, nasce mais de um planta em um único local e assim, faz-se necessário a retirada das mudas excedentes e deixar apenas uma única planta, de forma que a raiz possa se desenvolver adequadamente e a produção seja garantida.

Tutoramento

Algumas hortícolas crescem muito, mas têm os caules finos e que se quebram ou dobram com facilidade, principalmente quando estão produzindo. Caindo, ficam encostados ao solo úmido e suas folhas apodrecem, prejudicando a planta e a sua produção. Além disso, nessa condição dificultam muito a colheita dos frutos, como por exemplo os tomateiros. Para evitar que isso aconteça, devemos fazer o tutoramento ou estaqueamento das plantas, principalmente com bambus ou estacas de caniço, por exemplo. Estas estacas, poderão servir como suportes de sustentação da planta, como é o caso do tomate e feijão verde.
Outra forma de fazer o tutoramento, é colocar nos limites do canteiro um tronco de madeira de aproximadamente 1 metro de altura, esticar um arame por cima e em seguida, colocar em cada planta uma linha de algodão que possa servir como tutor, sendo a linha amarrada ao pé da planta até o arame que está esticado acima, de forma que a planta permaneça sustentada.


Tutoramento usando estacas e arames.

Controle de insetos
Na agricultura natural, o controle do ataque de insetos deve ser feito através do estabelecimento do equilíbrio ecológico em todo o sistema. Neste sentido, devemos trabalhar com os conceitos de manejo ecológico do solo, que permitem estabelecer uma produção agrícola, onde a biodiversidade, as interações do solo com as culturas e o clima sejam levadas em consideração para o sucesso da produção natural e assim, as plantas atingirem seu máximo potencial de desenvolvimento.
O inseto não deve ser encarado como um agente prejudicial ao sistema, mas sim como parte integrante de todo o sistema produtivo. Se um ataque de insetos está ocorrendo em sua produção agrícola é para mostrar que algo na sua forma de manejar o solo não está de acordo com às Leis da Natureza.
Ao desbravar uma área para o plantio de culturas, sem querer, acabamos por gerar desequilíbrios ao sistema, acarretando em destruição dos abrigos dos inimigos naturais e exposição do solo a condições adversas, gerando, consequentemente, a predominância de uma determinada população de inseto que acaba tornando-se “praga”.
Neste sentido, o estabelecimento de aceiros e faixas de vegetação nativa entre os canteiros produtivos, o respeito à melhor época de cultivo e a aptidão do solo com a cultura, torna-se fundamental para a manutenção do equilíbrio natural entre os cultivos e com isso, manter o sucesso da produção agrícola.


Cuidados com a rega
A necessidade de água das culturas varia de espécie para espécie, existindo culturas que sobrevivem em condições de sequeiro e outras que necessitam de áreas inundadas para se desenvolverem adequadamente. As condições de sequeiro são estabelecidas após o pegamento da cultura no campo e um exemplo prático são as culturas de manga, caju, massala, maphilwa, canhueiro e mafureira, que após estabelecidas no campo, praticamente sobrevivem com a absorção da água subterrânea.
Já o arroz e agrião, são exemplos de culturas que se desenvolvem em locais inundados, sendo portanto, mais proprícios para serem produzidos em solos argilosos, que conseguem reter maiores quantidades de água.
Sendo assim, respeitando-se as condições inerentes de cada cultura, podemos definir alguns cuidados com a rega. Ela deve ser feita preferencialmente, no período da manhã até no máximo 8 horas e no final do dia a partir das 16 horas. Devemos tomar cuidado para não jogar jatos fortes da água sobre o solo, bem como sobre as plantas, pois do contrário podemos criar camadas duras na superfície do solo e ainda quebrar as plantas. Isto geralmente acontece quando é utilizado mangueiras ou baldes para realizar a rega. Portanto, uma prática simples para quem utiliza mangueiras, é colocar o dedo na ponta da mangueira, de forma a reduzir o impacto da água e regar a sua horta como se fosse uma chuva fina.

Amontoa

Essa prática agrícola deve ser realizada em algumas culturas, principalmente aquelas que objetivamos colher os bulbos e/ou raízes, como é o caso do amendoim, a batata-doce, batata-rena, beterraba, cebola, cenoura, rabanete, entre outros. Muitas destas culturas, antes mesmo de atingir sua produção, começam a sair para fora do solo e com isso, sofrem com ressecamento e reduzem seu desenvolvimento. Portanto, faz-se necessário a operação de amontoa, que se refere a junção de mais terra ao redor da base do caule da planta, de forma que a terra cubra a parte da raiz que está saindo para fora e garanta melhor produção.

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