A ÁGUA NA
NATUREZA
Se
olharmos uma paisagem, observaremos que a
água está presente em muitos lugares. A forma direta de apreciá-la é pela
chuva, a qual constitui a parte mais importante do ciclo hidrológico da
Natureza, permitindo que plantas e animais possam utilizá-la, limpa e de boa
qualidade.
O
ar sempre tem vapor d´água. Não o vemos porque é transparente. O ar mais frio
tem menor capacidade para conter vapor. A umidade relativa é a quantidade de
vapor d´água contido no ar, a uma determinada temperatura, em relação à
quantidade máxima de vapor que poderia conter a essa mesma temperatura. Quando
o ar tem muito vapor d´água e se resfria, são produzidas gotículas em forma de
neblina, as quais ocorrem especialmente nas áreas de florestas altas e nos
vales. São gotículas tão pequenas que flutuam no ar, formando uma nuvem que se
arrasta empurrada pela brisa, molhando as árvores e o solo, mais frequentemente
à noite ou ao amanhecer, ao baixar a temperatura.
Rios,
córregos e nascentes são parte da paisagem e, geralmente, são alimentados pela
água das chuvas que se acumula nas bacias hidrográficas. A água se junta também
em lagoas naturais, em pântanos ou simplesmente nas áreas geralmente baixas de
solos mais úmidos. O solo pode armazenar água, a qual é aproveitada pelas
plantas e pelos organismos que vivem nele.
Sob
o solo podem existir materiais permeáveis e porosos, com capacidade de
armazenar água, os quais chamam-se aqüíferos,
pois contêm água subterrânea, podendo ser pouco ou muito profundos. Nos poros
do solo e do subsolo, também se pode encontrar água, a qual se chama lençol
freático.
Toda vegetação acumula quantidade abundante de água em seus tecidos. Se retirarmos toda a água que forma parte da folhagem das árvores de uma mata, teremos um imenso lago de uns dois metros de profundidade. Essa água contida nas plantas é que regula a temperatura nos trópicos e protege o solo do calor solar.
Toda vegetação acumula quantidade abundante de água em seus tecidos. Se retirarmos toda a água que forma parte da folhagem das árvores de uma mata, teremos um imenso lago de uns dois metros de profundidade. Essa água contida nas plantas é que regula a temperatura nos trópicos e protege o solo do calor solar.
EXPERIÊNCIA:
Colete algumas folhas de hortícolas ou
mesmo de alguma árvore do seu quintal ou praça pública. Coloque estas folhas o
mais rápido possível dentro de um saquinho de plástico transparente e em
seguida feche-o bem. Espere alguns minutos e observe o saquinho. O que
aconteceu? Como você explica o fenômeno que presenciou?
A derrubada das florestas e
matas tem por consequencia o avanço dos processos de desertificação. A água que
evapora das plantas (evapotranspiração) é responsável por regular todo o clima
de uma região. Essa água ascende à atmosfera e irá, juntamente com as águas
oriundas da evaporação de rios, lagos e oceanos, compor as nuvens. Porém as
precipitações (chuvas) só irão ocorrer se no ar houver quantidade suficiente de
umidade que, por sua, vez, depende da presença fundamental das árvores.
A quantidade de água que uma
floresta lança diariamente na atmosfera é gigantesca e se fosse para lançar
essa mesma quantidade de água artificialmente o processo seria inviável.
Estima-se, por exemplo, que para lancar à atmosfera a mesma quantidade de água
que a floresta amazônica no Brasil evapora num único dia seria necessária toda
a energia produzida pela Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior usina
hidrelétrica do mundo com 14.000 MW de potência instalada, que fica na
fronteira entre o Brasil e o Paraguai, durante 150 anos!
As necessidades de água do ser humano
O
homem requer água fundamentalmente para sete necessidades básicas:
· para beber e manter a hidratação (1) e o funcionamento de seu organismo;
para o asseio pessoal (2), de sua moradia e de seus utensílios;
para a preparação de alimentos (3).
para o asseio pessoal (2), de sua moradia e de seus utensílios;
para a preparação de alimentos (3).
Na
maioria das grandes e médias cidades do mundo, esses três usos, em conjunto,
requerem diariamente 120 litros por pessoa, ou, no mínimo, 60 litros.
Outros
usos são: a eliminação de excrementos
(4) ou águas de esgoto e a produção de
energia hidroelétrica (5), pois geradores de energia são movidos com a
força da queda d´água. O homem necessita de água também para processos industriais (6), como
fabricar papel, extrair açúcar de cana, resfriar motores, gerar pressão de
vapor, etc.
Uma
necessidade muito importante é a produção
agropecuária (7) e, dentro dessa, a irrigação dos cultivos e a água de
dessedentação do gado. Essas necessidades são diferentes conforme a atividade
de cada fazenda, a tecnologia que se uso, o tipo e o tamanho da cultura e a
quantidade de gado que se tenha.
Além
do exposto, a água é necessária como via de transporte e como elemento de
distração para refrescar o corpo.
O
importante é que o homem possa satisfazer suas necessidades de água em harmonia
com as necessidades dos ambientes naturais, devendo, para tanto, utilizá-la com
eficiência e cuidado. Deve devolver a água à Natureza nas mesmas condições de
pureza em que esta se encontra num ambiente não degradado pelo homem. Dessa
forma, a água poderá ser utilizada tanto para o funcionamento dos ecossistemas
naturais como pelo próprio homem, já que todos os seres vivos são parte de um
só grande sistema chamado Ecosfera. Só um Ambiente bem preservado, uma Natureza
com seus ecossistemas funcionando normalmente podem nos proporcionar a água na
quantidade e na qualidade de que necessitamos. Isso não é possível se não
devolvemos água limpa ao Ambiente.
As necessidades de água da Natureza
Quando
o homem não intervém no ambiente natural, as necessidades de água da Natureza
são satisfeitas, pois a vegetação e a fauna de um lugar somente podem viver com
a água trazida pelo clima, que se acumula nesse ambiente, com ventos, chuvas e
calor. Quando o homem intervém no ambiente, frequentemente altera suas
condições e provoca falta de água para algumas ou muitas espécies.
A
Natureza requer água para a vegetação, sejam ervas, arbustos ou árvores. A
necessidade será diferente em cada caso, dependendo do tamanho e da quantidade
de plantas, da secura do ar, do maior ou menor impacto dos raios solares, da
ação do vento, etc. As plantas necessitam de água para o transporte de
nutrientes, desde o solo até a folhagem; para manter os ramos, folhas, flores e
frutos saudáveis e vigorosos. A fauna, logicamente, também necessita de água,
de qualidade muito boa, pois, sem ela, receberá um impacto negativo muito
forte, o que diminuirá a população e aumentará a agressividade entre espécies,
devido à competição pela água.
As
lagoas e os rios são lugares onde vivem peixes e plantas aquáticas que dependem
da água para encontrar alimento e como ambiente para viver; logicamente, se
esta se contamina ou se o córrego seca, haverá um impacto negativo muito
severo, que afetará estas espécies. No solo, vive uma grande quantidade de
seres pequenos e muito úteis, os quais requerem água para o seu
desenvolvimento, atividade e ciclos biológicos. Estes são seriamente afetados
se a umidade do solo é alterada, se a infiltração diminui, se ocorre erosão ou
é diminuída a capacidade do solo para armazenar água em seus poros. Se isso
ocorre, ainda que continue chovendo a mesma quantidade nesse lugar a cada ano,
o solo terá menos vida, pois ter-se-á produzido um grande problema chamado seca do solo.
As alterações do Ciclo da Água
Na
Natureza podemos distinguir diversas ofertas de água, fornecidas por meio do
ciclo hidrológico. Estas devem satisfazer as demandas ou necessidades de água
do homem e, logicamente, as próprias necessidades da Natureza.
As
demandas ou necessidades do homem podem ser ou não claras, isto é, há algumas
que se manifestam como tais, outras não. Isso se deve a alguma razão cultural,
ou ao desconhecimento dessa necessidade. Outra forma de agrupá-las é em
necessidades reais e aparentes, ou seja, as verdadeiramente requeridas e
aquelas que não o são, ou que se desejam em quantidades maiores do que aquelas
realmente necessárias. As necessidades são referidas a uma determinada
quantidade e qualidade e, também, à disponibilidade de água no lugar e no
momento em que dela se necessite. Vamos a mais um exemplo. Ja referimos
anteriormente que, num dia quente e com muito vento, até 70% da água utilizada
para a irrigação das culturas agrícolas acaba por ser evaporada sem cumprir
nenhum papel fisiológico nas plantas ou mesmo na fauna e microfauna do solo.
Grandes projetos agrícolas não costumam levar esse fato em consideração e
acabam por desperdiçar milhões de litros de água num único dia de operações,
conforme o tamanho do campo a ser irrigado. Uma taxa típica desses pogramas de
irrigação prevê valores da ordem de 20 a 25 mm de água por dia, o que equivale
a dizer 20 a 25 litros de água por metro quadrado por dia. Se, utilizando uma
taxa como esta, a área a ser irrigada for, digamos, de 10 hectares (100.000
metros quadrados), isso significa que serão utilizados de 2.000.000 a 2.500.000
de litros de água. Se a operação for feita nos moldes convencionais e
considerando uma perda de 70% de água simplesmente por evaporação, estamos
falando então de um desperdício diário de 1.400.000 a 1.750.000 de litros de
água!
O
uso descontrolado de água pelo homem nas bacias hidrográficas leva-os a alterar
o ciclo hidrológico. No entanto, salvo no caso de grandes empreendimentos de
irrigação ou hidrelétricos, este poderia satisfazer suas necessidades sem
produção de mudanças severas no ciclo natural. A alteração deve-se a outras
ações do homem, como o desmatamento e o uso da terra sem técnicas eficientes de
controle de rosão, pertubando a infiltração da água no solo e diminuindo
severamente a armazenagem de água e a recarga de aquíferos. Como consequencia,
depois das chuvas, o escorrimento superficial será muito abundante e rápido, as
águas serão carregadas de sedimentos e haverá inundações e grandes períodos de
seca. A alteração também é produzida por captações para irrigação mal feitas e
sem planejamento.
Todos
os aspectos assinalados afetam a oferta, a disponibilidade e a qualidade da
água. Sem dúvida, o uso ordenado e planejado, com a eliminação prudente da
cobertura vegetal, com o emprego de técnicas eficientes de cultivos e uso da
água pode contribuir para satisfazer a demanda humana sem alterar gravemente o
ciclo hidrológico.
A importância da infiltração da água no solo
Para
que a água que está na superfície penetre através do solo, é necessário que
exista permeabilidade. A infiltração é a passagem da água através do primeiro
centímetro do solo. Para isso, deve haver poros e canalículos livres ou
abertos, os quais absorverão a água como uma esponja. Influi também a pressão
desta desde a superfície.
Quando
o solo está sem plantas para protegê-lo, é possível que os poros e canalículos
se fechem. Uma gota de chuva é 8 a 30.000 vezes maior que uma partícula de
solo. Ao cair, arrebenta, solta, dividindo-se em outras pequenas, levando
partículas e distribuindo-as como uma fina camada que sela e fecha a entrada
dos poros e canalículos; em solos muito ricos em argila, esta se “incha” com á
água e sela o solo, produzindo um efeito parecido.
Se
não há infiltração, a água permanecerá na superfície. Se esta é côncava,
formará uma poça; se é inclinada, escorrerá, tomará velocidade e energia para
remover partículas do próprio solo, erodindo-o. Se os poros do solo estão
cheios de água, a infiltração também será afetada. Por essa razão, é importante
o efeito de regulação da vegetação com relação à chegada de água ao solo. Se os
poros são abundantes e as partículas do solo estão bem agrupadas em pequenos
torrões, haverá boa estrutura, a infiltração será mais fácil e a água percolará
melhor através do solo. Se tem argila e está bem estruturado, armazenará água
por mais tempo. Se um solo tem muita areia, a infiltração e a percolação serão
rápidas e o solo reterá pouca água. Podemos falar de infiltração lenta ou
rápida. Quando esta é lenta e a água se junta rapidamente na superfície, haverá
escorrimento, erodindo o solo. Por isso, é muito importante mantê-lo bem
estruturado. Se o solo tem muita areia, a agregação de matéria orgânica
aumentará sua capacidade para armazenar água.
A importância do movimento da água no solo
O
movimento da água no solo dependerá das suas características tais como: quantidade de matéria orgânica (1); textura (2) ou proporção de areia, limo e
argila;da estrutura (3) ou forma com que se agrupam as partículas em pequenos
torrões ou grânulos, já que, quanto melhor a estrutura, mas espaços permanecem
e mais facilmente a água se movimenta; da porosidade (4) deixada nas pequenas raízes de plantas ao morrerem,
ou de poros maiores formados pelo movimento de minhocas e pequenos organismos,
ou, ainda, feitos por bolhas de gases provenientes do apodrecimento de algumas
substâncias.
O
solo, dependendo do seu tipo, tem uma capacidade determinada para reter ou
armazenar água. Se irrigarmos conforme suas características, o solo se molhará
proporcionalmente à quantidade de água que recebe. Se a água que se infiltra é
excessiva, o solo se encharcará e seus poros se encherão de água; o resto
percolará e passará ao subsolo. Se tomarmos essa terra, nossas mãos ficarão
molhadas. Depois de um tempo, o excesso percolará mais profundamente,
diminuindo sua quantidade no solo, até um nível que se denomina capacidade de
campo. Deixando-se passar mais tempo, as plantas utilizarão parte da água,
outra se evaporará e esta se reduzirá, no solo, a uma quantidade abaixo da
capacidade de campo. Sua utilização será mais difícil para as plantas, pois
estas necessitarão de mais força para succioná-la, chegando à situação em que
não poderão utilizar a água. A isso se chama ponto de murchamento permanente,
justamente porque as plantas murcharão.
Se
a drenagem interna é excessiva, o solo reterá pouca água, pois esta percolará,
arrastando nutrientes. Nesse caso, deve-se regar com pouca água e mais
frequentemente. Se a drenagem interna é muito lenta, deve-se melhorá-la, pois,
sem isso, os poros se encherão de água, ficando sem ar e oxigênio. Esse ar é
muito importante para o desenvolvimento da comunidade microbiana aeróbica,
característica de solos fertéis e produtivos.
O que é uma nascente de água e como devemos protege-la
Um
impacto ambiental negativo frequente no campo é a falta de proteção das
nascentes de água. Elas cumprem uma função vital nos sistemas naturais do
Ambiente. Para o homem têm grande importância, pois, se bem cuidadas, oferecem
águas de qualidade muito boa. Podem, porém, ser degradadas facilmente. Devemos,
pois, protegê-las para preservar a qualidade da água e, também, o mecanismo
natural mediante o qual funcionam.
Para
evitar a contaminação da água, devemos cercar o lugar (com arame farpado, por
exemplo) e, assim, evitar que os animais excretem e possam transmitir doenças;
pôr as latrinas em lugares mais baixos e evitar que o homem defeque onde a
água, ao escorrer, possa arrastar contaminação para a nascente. Não devemos
aplicar nenhum tipo de produto, seja ele “orgânico” ou não, num raio de no
mínimo 50 metros em relação à nascente. Além disso, esses lugares devem ser
tratados com técnicas que evitem a erosão, para impedir que a água seja
poluída.
Cinco
passos são fundamentais para proteger uma nascente de água. São eles:
1) Identificar a nascente
2) Vedar a nascente
3) Limpar a área
4) Controlar a erosão
5) Replantar espécies nativas
Dependendo do mecanismo de funcionamento, é possível distinguir três tipos de nascentes:
1) Identificar a nascente
2) Vedar a nascente
3) Limpar a área
4) Controlar a erosão
5) Replantar espécies nativas
Dependendo do mecanismo de funcionamento, é possível distinguir três tipos de nascentes:
A
água de escorrimento superficial
(1), proveniente das chuvas, junta-se em um lugar no qual a vegetação regula o
escorrimento. Eliminando-se esta, após as chuvas haverá muita água na nascente
e, alguns dias depois, esta secará.
A
água das chuvas se infiltra e se
localiza nos poros do solo e do subsolo (2). Esta água forma o lençol
freático, que é como um manto abaixo da superfície. Se a topografia do terreno
“corta” esse lençol de água, formar-se-á uma nascente. Para protegê-la, deve-se
manter a capacidade de infiltração do solo em toda a área de recarga da água
freática.
O
terceiro caso corresponde a um aqüífero
de rocha porosa (3) através do qual circula a água, podendo estar em nível
mais profundo; se este, porém, é “cortado” pelo nível do terreno, a água
aflorará. Para proteger esse tipo de nascente, devem-se manter boas condições
de infiltração nos sítios onde a rocha se recarrega.
O que é uma bacia hidrográfica bem manejada
Em
uma bacia hidrográfica como ambiente natural, sem a intervenção do homem, tudo
funciona harmonicamente, integrando um sistema quase perfeito. As energias –
calor e luz solar, a força da água ao cair e escorrer, a força das plantas ao
crescer, das sementes ao germinar, da terra ao molhar-se e inchar-se, o peso da
fauna ao mover-se sobre o solo e nas plantas, a energia com que as raízes
absorvem nutrientes e água do solo – estão em um equilíbrio que se alcançou
após centenas e, às vezes, milhares de anos. É uma luta de forças que não se
vê, mas que existe na natureza.
No
entanto, não se poderia dizer que uma bacia intocada esteja bem manejada e sim
que está bem preservada. Para que se realiza um bom manejo, o homem deve ter a
capacidade de usá-la, realizar ali suas atividades, produzir, recrear-se, viver
no lugar, preservar os recursos e o funcionamento da bacia como um sistema, sem
alterar o seu ciclo hidrológico, mantendo sua diversidade de flora e fauna e
não degradando o Ambiente. Isso significa ter a capacidade de imitar o equilíbrio da Natureza. Se um sistema
natural desaparece bruscamente, uma das energias porá as outras em “liberdade”,
iniciando-se a degradação, pois o equilíbrio será rompido. Por isso, em uma
bacia hidrográfica bem manejada, as energias devem ser controladas para regular
seu efeito sobre os recursos naturais e o ambiente.
Para
alcançar esse manejo, as ações e atividades do homem devem ser muito bem
pensadas, de maneira a utilizar os recursos naturais, permitindo aos Renováveis
renovar-se, e aos Não-Renováveis, como o solo, conservar sua potencialidade
para produzir. Uma bacia bem manejada significa segurança, boa qualidade de
vida, condições apropriadas para quem vive ali e segurança para o futuro. Para
se alcançar isso, necessita-se de um enriquecimento cultural e que a comunidade
sinta verdadeiro apreço e orgulho pelo esforço realizado para conseguir o
manejo de sua bacia hidrográfica, bem como carinho e zelo por sua propriedade.
O que é uma bacia hidrográfica bem planeada
O
planejamento de uma bacia nos leva a meditar, pensar e ordenar, até saber o que
se deve fazer primeiro e o que se deve fazer depois; onde é possível fazer
determinadas atividades e em que lugar se podem fazer outras. Assim,
descobrir-se-á quais podem ser realizadas e quais não; que impactos positivos
ou negativos serão produzidos. Há, também, a possibilidade de estudar, antes de
intervir na bacia, a forma de corrigir possíveis efeitos não desejados.
Fazendo-se um plano bem pensado, com a participação de todos e, quando
possível, com o apoio técnico, será muito maior o número de impactos positivos
e a situação será ótima, com benefício para todos.
Para
planejar o uso de uma bacia, devem-se conhecer seus Recursos Naturais, as
comunidades e o Ambiente em que vivem; verificar até que grau se pode
modificá-los sem destruir o ciclo hídrico, a diversidade genética, a qualidade
de suas águas e de seus solos. Toda bacia tem uma vocação, uma possibilidade de
uso que está relacionada com suas características, com a técnica que se utiliza
e com as mudanças ou artificialização que nela se produzam. Artificializar
muito permite produzir mais, mas também siginifica aumentar os custos; porém, corrigir
os impactos negativos que se produzem têm custos muitos maiores ainda. O melhor
planejamento, de quem procurou estudar e conhecer, o mais humanizado,
protegeria, em primeiro lugar, a diversidade genética e a capacidade
auto-reguladora da natureza. Essa situação é alcançada com uma artificialização
moderada, bom critério e senso comum para definir o uso da terra e as áreas que
deverão ser preservadas.
Em
geral, o planejamento permite alcançar condições de vida melhores, pois fazer
uma análise prévia e um bom plano evita produzir impactos negativos severos.
Isso se consegue simplesmente meditando-se bem sobre o que se vai fazer e
pensando nisso antecipadamente, para saber o que ocorrerá se realizarmos uma
determinação ação. O planejamento de uma bacia é trabalho de todos e não
poderia ser feito somente por uma pessoa. Se não for realizado, o efeito dos
impactos negativos será sentido a curto prazo.
O que é uma bacia hidrográfica degradada
Grande
parte da água que chove em uma bacia hidrográfica escorre até o rio localizado
no fundo do vale. Os rios formam bacias hidrográficas, seus afluentes formam
sub-bacias. Os córregos e grotas, minibacias. Todas elas são unidades espaciais
muito importantes para o planejamento e ordenamento do uso da terra. No rio,
refletem-se a degradação, a erosão, a contaminação, a poluição e a cultura com
que se usam os Recursos Naturais e o Ambiente de uma bacia. Isso lembra um
pensador, que dizia: “A cultura de um povo se mede pela cor e
pureza das águas de seus rios”.
Dir-se-á
que uma bacia está degradada se: sua vegetação natural e sua fauna
tiverem sido danificadas, com diminuição severa ou desaparecimento de alguma
espécie; quando o solo estiver erodido ou
tenha perdido sua fertilidade ou sua capacidade para produzir; se o ciclo hídrico estiver
alterado ou as águas estiverem contaminadas; os peixes já não contarem com o
ambiente requerido para viver; a fauna já não tiver os frutos
silvestres para sua alimentação, nem os refúgios naturais para proteger-se.
A degradação é isso e muito mais: é miséria, pobreza,
dependência e vida de má qualidade; em síntese, é um freio ao desenvolvimento e
insegurança para o futuro.
Suponhamos
que uma pequena bacia, em que vivam em torno de 50 famílias, esteja degradada.
Poderia ocorrer o seguinte:
1. ciclo hidrológico destruído;
2. desmatamento;
3. solo compactado por pastoreio excessivo na parte alta;
4. escorrimento e erosão ativa, mesmo nas áreas onde ocorrem solos
profundos;
5. cultivos de milho e soja na parte média da bacia, sem técnicas de
conservação de solos e águas;
6. escassez de água em córregos seis meses por ano;
7. produção de hortícolas na parte baixa com uma colheita por ano e com
problemas de irrigação, porque a quantidade de sedimentos dos córregos danifica
as bombas;
8. os poços secam rapidamente nos períodos sem chuvas.
Essa
degradação poderia ser observada prontamente e, ademais, teria outras
consequencias para as famílias, além das indicadas.
Os benefícios do planeamento e bom manejo de uma bacia
hidrográfica
Tomaremos
como exemplo o caso citado no último parágrafo do tema anterior. Suponhamos que
essa comunidade organize as atividades da bacia da seguinte forma:
·
que, na parte alta, estabeleça
faixas com anéis silvopastoris de gramíneas e leguminosas;
·
nos pontos de união dos anéis,
plante frutíferas; que implante, intercaladas, outras
faixas de árvores de boa folhagem e de utilidade florestal, por meio de
tácnicas agroflorestais; que, na parte média, cultive milho
e feijão, mas que se utilize plantio em curvas de nível e com aração mínima,
com canais de infiltração ou absorção e, sobre cada canal, uma barreira viva de
capim-limão; que, na parte baixa, continue e
produção de hortícolas com água do córrego; nas cercas, plantem-se leguminosas
arbóreas para lenha e biomassa para “mulch”.
Dessa
forma, o benefício aumentaria progressivamente ao se produzirem vários impactos
positivos:
·
na parte alta, conter-se-ia o
fenômeno da erosão;
·
aumentaria a infiltração de água
no solo;
·
manter-se-ia a pecuária, porém
mais produtiva;
·
progressivamente,
desenvolver-se-ia um recurso florestal;
·
multiplicar-se-ia a fauna, como um
recurso complementar;
· haveria frutas como complemento alimentar;
na parte média, também aumentaria a infiltração, dando mais regularidade ao
canal do córrego e estabilidade ao lençol freático, haveria uma oferta mais
regular de água nos poços e deter-se-ia a erosão;
·
na parte baixa haveria águas mais
limpas, os equipamentos de irrigação durariam mais;
·
os poços não secariam, não se
gastaria energia nem tempo para trazer água de outros lugares;
·
haveria maior produção de hortícolas
com a utilização do “mulch” e pela disponibilidade de água;
·
a comunidade teria abundância de
águas de melhor qualidade.
Nesse
caso, a comunidade já se organizou e capacitou, podendo enfrentar outros problemas,
intercambiar alimentos com benfício para todos e, até mesmo, conseguir melhor
comercialização para seus produtos.
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