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Tratos
culturais
(Capítulo 9 do Módulo II da Apostila do Curso de Agricultura Natural)
Tratos
culturais são operações
agrícolas
que devem ser realizadas durante o período de desenvolvimento das
culturas, de forma que a planta possa expressar o máximo de seu
potencial de produção. Dentre estas práticas podemos citar:
adubação de manutenção, capina, escarificação, desbaste,
tutoramento, controle de insetos, cuidados com rega, cuidados no
transplantio e amontoa.
Adubação
de manutenção
Antes
de iniciarmos o plantio ou transplantio das culturas no campo,
preparamos o solo de forma a garantir os nutrientes para o seu
desenvolvimento através da ativação de sua microbiota,
principalmente. No entanto, por vezes estes nutrientes incorporados
ao solo durante seu período de preparo não são suficientes para
garantir o bom funcionamento do sistema até que as culturas atinjam
seus respectivos pontos de colheita, bem como suas produções
desejadas. Sendo assim, é importante fazermos a adubação de
manutenção das culturas, lembrando sempre que a matéria orgânica
incorporada ao solo servirá para manter ativa sua biologia.
Esta
operação consiste em colocar compostos orgânicos previamente
decompostos ao redor de cada planta, tomando-se o cuidado para não
colocá-los sobre
a planta, pois isso poderia ocasionar queimaduras devido ao processo
de decomposição da matéria orgânica parcialmente decomposta. Essa
prática deverá ser realizada quando observarmos que as culturas
estão apresentando alguma deficiência e/ou paralisação no seu
desenvolvimento.
Capina
(sacha)
A
capina (sacha) deve ser praticada periodicamente, à medida que
observarmos que a vegetação espontânea está se desenvolvendo mais
que as culturas principais. O capim retirado do local, poderá ser
incorporado novamente ao solo ou mesmo servir como composto para o
próximo cultivo.
Escarificação
Com
as regas diárias dos cultivos, o solo, quando for de textura média
ou argilosa, tende naturalmente a ficar parcialmente compactado em
sua superfície, trazendo como consequência a redução da
infiltração da água, o impedindo o desenvolvimento adequado das
raízes das plantas, bem como absorção de nutrientes. Sendo assim,
ao observarmos uma redução no desenvolvimento das culturas, devemos
fazer uma leve escarificação, ou seja, revolver a terra com um
ancinho ou sacho manual ao redor de cada planta ou linha de plantio,
de modo que o solo fique mais fofo e permeável. Durante esta
prática, devemos tomar o cuidado para não ocasionar a quebra ou
danos às raízes. O uso constante de cobertura morta pode ajudar a
evitar a necessidade desse tipo de trato cultural.
Desbaste
O
desbaste de plantas, é uma operação agrícola que consiste em
arrancar as mudas excedentes que se desenvolvem nos canteiros das
hortícolas
que foram
plantadas diretamente. Um exemplo prático é o caso do plantio de
cenoura e beterraba. Durante a semeadura, normalmente colocamos mais
de uma semente em um único sítio dentro da linha de plantio com
objetivo de garantir a germinação. Com isso, ao germinar, nasce
mais de um planta em um único local e assim, faz-se necessário a
retirada das mudas excedentes e deixar apenas uma única planta, de
forma que a raiz possa se desenvolver adequadamente e a produção
seja garantida.
Tutoramento
Algumas
hortícolas
crescem
muito, mas têm os caules finos e que se quebram ou dobram com
facilidade, principalmente quando estão produzindo. Caindo, ficam
encostados ao solo úmido e suas folhas apodrecem, prejudicando a
planta e a sua produção. Além disso, nessa condição dificultam
muito a colheita dos frutos, como por exemplo os tomateiros. Para
evitar que isso aconteça, devemos fazer o tutoramento
ou estaqueamento
das plantas, principalmente com bambus ou estacas de caniço, por
exemplo. Estas estacas, poderão servir como suportes de sustentação
da planta, como é o caso do tomate e feijão verde.
Outra forma de fazer o tutoramento, é colocar nos limites do
canteiro um tronco de madeira de aproximadamente 1 metro de altura,
esticar um arame por cima e em seguida, colocar em cada planta uma
linha de algodão que possa servir como tutor, sendo a linha amarrada
ao pé da planta até o arame que está esticado acima, de forma que
a planta permaneça sustentada.
Tutoramento
usando estacas e arames.
Controle de insetos
Na
agricultura natural, o controle do ataque de insetos deve ser feito
através do estabelecimento do equilíbrio
ecológico em todo o sistema.
Neste sentido, devemos trabalhar com os conceitos de manejo ecológico
do solo, que permitem estabelecer uma produção agrícola, onde a
biodiversidade, as interações do solo com as culturas e o clima
sejam levadas em consideração para o sucesso da produção natural
e assim, as plantas atingirem seu máximo potencial de
desenvolvimento.
O
inseto não deve ser encarado como um agente prejudicial ao sistema,
mas sim como parte integrante de todo o sistema produtivo. Se um
ataque de insetos está ocorrendo em sua produção agrícola é para
mostrar que algo na sua forma de manejar o solo não está de acordo
com às Leis
da Natureza.
Ao
desbravar uma área para o plantio de culturas, sem querer, acabamos
por gerar desequilíbrios ao sistema, acarretando em destruição dos
abrigos dos inimigos naturais e exposição do solo a condições
adversas, gerando, consequentemente, a predominância de uma
determinada população de inseto que acaba tornando-se “praga”.
Neste
sentido, o estabelecimento de aceiros e faixas de vegetação nativa
entre os canteiros produtivos, o respeito à melhor época de cultivo
e a aptidão do solo com a cultura, torna-se fundamental para a
manutenção do equilíbrio natural entre os cultivos e com isso,
manter o sucesso da produção agrícola.
Cuidados com a rega
A
necessidade de água das culturas varia de espécie para espécie,
existindo culturas que sobrevivem em condições de sequeiro e outras
que necessitam de áreas inundadas para se desenvolverem
adequadamente. As condições de sequeiro são estabelecidas após o
pegamento
da cultura
no campo e um exemplo prático são as culturas de manga, caju,
massala, maphilwa, canhueiro e mafureira, que após estabelecidas no
campo, praticamente sobrevivem com a absorção da água subterrânea.
Já
o arroz e agrião, são exemplos de culturas que se desenvolvem em
locais inundados, sendo portanto, mais proprícios para serem
produzidos em solos argilosos, que conseguem reter maiores
quantidades de água.
Sendo
assim, respeitando-se as condições inerentes de cada cultura,
podemos definir alguns cuidados com a rega. Ela deve ser feita
preferencialmente, no período da manhã até no máximo 8 horas e no
final do dia a partir das 16 horas. Devemos tomar cuidado para não
jogar jatos fortes da água sobre o solo, bem como sobre as plantas,
pois do contrário podemos criar camadas duras na superfície do solo
e ainda quebrar as plantas. Isto geralmente acontece quando é
utilizado mangueiras ou baldes para realizar a rega. Portanto, uma
prática simples para quem utiliza mangueiras, é colocar o dedo na
ponta da mangueira, de forma a reduzir o impacto da água e regar a
sua horta como se fosse uma chuva fina.
Amontoa
Essa
prática agrícola deve ser realizada em algumas culturas,
principalmente aquelas que objetivamos colher os bulbos e/ou raízes,
como é o caso do
amendoim, a batata-doce, batata-rena, beterraba, cebola,
cenoura, rabanete, entre outros. Muitas destas culturas, antes mesmo
de atingir sua produção, começam a sair para fora do solo e com
isso, sofrem com ressecamento e reduzem seu desenvolvimento.
Portanto, faz-se necessário a operação de amontoa, que se refere a
junção de mais terra ao redor da base do caule da planta, de forma
que a terra cubra a parte da raiz que está saindo para fora e
garanta melhor produção.
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