ROTEIRO DE AULA
Aula
3: Proposição e desenvolvimento da Agricultura Natural
HISTÓRICO
- Na década de 30 do século XX
- Mokiti Okada – Filósofo e espiritualita japonês
- Criação de nova civilização
- Proposição do “Método de Saúde seguindo os Princípios Divinos”
- Johrei e Terapia de Purificação no Estilo Okada
- A busca por materiais puros para praticar a Agricultura Natural
- O melhor desenvolvimento das culturas e a melhor qualidade dos alimentos
- Após a observação dos fatos
- O principal erro da cgricultura convencional é negligenciar a natureza
- Fertilizantes químicos, excrementos humanos e animais, defensivos agrícolas intoxicam plantações e solo, causando o aparecimento das pragas
- A divulgação da Agricultura Natural teve início após a 1ª Guerra Mundial.
- 1948 publicada 1ª Revista Tijo Tengoku
- Artigo: “O cultivo sem fertilizantes.”
- Nessa época eram usados no Japão fertilizantes químicos e aqueles feitos de resíduos de soja, colza e peixe; Também defensivos agrícolas para frutas e verduras
- A Agricultura Natural é um método agrícola que se baseia na natureza e a segue.
- Animais e vegetais se harmonizam e mantém a vida.
- Tudo o que existe no solo são bençãos que Deus atribuiu ao homem.
LEITURA
- Princípio da Agricultura Natural (Capítulo 3 do Módulo I da apostila do curso))
- Resumo com pontos principais
PRINCÍPIO
DA AGRICULTURA NATURAL
- Fazer manifestar a força do solo.
PROPRIEDADES
DO SOLO
- Constituído pela força dos três elementos: terra, água e fogo.
- Força principal de crescimento das plantas é o elemento terra
- As outras forças são forças auxiliares
- Condição para boa colheita é a melhoria das qualidades do solo
- Quanto melhor a terra melhor os resultados.
MÉTODO
PARA FERTILIZAR O SOLO
- Fortalecer a sua energia
- Primeiramente troná-lo puro e limpo
- Quanto mais puro o solo maior a força para o desenvolvimento das plantas
- Quanto mais adubos se coloca no solo mais o intoxicamos, tornando necessário o uso de mais adubos para boas colheitas.
O
QUE PRECISAMOS DESENVOLVER
- Visão sistemica do campo ou machamba
- Correlações entre vários elementos diferentes do sistema agrícola
- Considerar o solo como uma espécie de ser vivo com correlações biológicas, químicas, físicas e metafísicas
PONTOS
FUNDAMENTAIS
- Reconhecimento da força do solo e da necessidade de compreendermos sua natureza.
- O solo é composto por inúmeros diferentes microorganismos, elementos minerais, matéria orgânica (vegetal e animal) que são decompostos e promovem o ciclo da vida
- Precisamos reproduzir esses ciclos.
- Estabelecimento de equilíbrios ecologicamente saudaveis e produtivos.
LEITURA COMPLEMENTAR
(Capítulo 3 do Módulo I da apostila do Curso de Agricultura Natural)
3.
Proposição e desenvolvimento da Agricultura Natural
Histórico
No
início da Era Showa no Japão (1926 a 1986), Mokiti Okada, filósofo
e espiritualisata japonês (1886-1955), coscientizou-se de que a
criação de uma nova
civilização
era da maior urgência e importância e que essa era a sua missão.
Propôs então sua filosofia baseada nesse conhecimento e sua
primeira preocupação foi criar o “Método
de Saúde segundo os Princípios Divinos”.
Como resultado de pesquisas efetuadas durante longo tempo, deu início
ao método do Johrei, também por vezes referenciado como Terapia de
Purificação no Estilo Okada. Em seguida, passou a cuidar da criação
de um novo método agrícola, segunda grande questão. Em julho de
1935 ele pregou os princípios fundamentais da Agricultura Natural e
afirmou que, futuramente, viria uma época em que se colheriam
produtos em abundância.
A
maior parte das fazendas do Japão daquele tempo estava numa situação
incalculavelmente trágica em relação às de hoje em dia. Os
agricultores que alugavam terras alheias, tinham muitos gastos,
encontrando-se num estado de extrema pobreza. Em 1934, especialmente
na região nordeste, houve grandes danos devido ao frio e muitos
agricultores não colheram sequer para comer.
No
início de 1936 Mokiti Okada, auxiliado por alguns voluntários,
iniciou o cultivo de verduras e legumes numa área de sua propriedade
em Tóquio. Inicialmente esse tralbalho se deu de forma convencional
e não demorou muito para ele perceber que precisava encontrar um
novo caminho. Determinou então que todo o trabalho fosse feito sem o
uso de qualquer tipo de fertilizantes químicos. Poucos anos depois,
um de seus auxiliares, após percorrer várias regiões do Japão à
procura de mudas e sementes de plantas que tivessem sido produzidas
com a menor quantidade possível de fertilizantes, plantou-as e
passou a cultivá-las segundo a orientação de Mokiti Okada. Dessa
vez os resultados foram muito bons e, embora o crescimento fosse um
pouco demorado, evidenciou-se que o sabor dos produtos era excelente
e que não surgiam pragas.
Através
de uma observação minunciosa desses fatos e comparando a
agricultura que utiliza fertilizantes e defensivos químicos, assim
como também fertilizantes de origem humana e animal, com o cultivo
que só usa unicamente matéria orgânica vegetal, Mokiti Okada
comprovou que o erro da agricultura tradicional é negligenciar a
natureza. Ele obteve provas concretas de que os fertilizantes
químicos, os excrementos de origem humana e animal e os defensivos
agrícolas intoxicam as plantações e o solo, constituindo a causa
do aparecimento de pragas e doenças; verificou, ainda que eles são
prejudiciais à saúde dos homens e dos animais domésticos. Assim,
pode constatar que o cultivo que usa apenas matéria orgânica
vegetal é a agricultura realmente concorde com a Grande Natureza.
Durante
a Segunda Guerra Mundial, Mokiti Okada já havia criado o método
agrícola sem fertilizantes e estabelecido a técnica de cultivo, mas
a divulgação efetiva desse método só foi iniciada após a guerra.
Em dezembro de 1948 foi publicado o primeiro número da revista “Tijo
Tengoku” e nele, Mokiti Okada, sob o pseudônimo de Shin-no-Sei,
publicou pela primeira vez um artigo sobre o assunto, intitulado “O
cultivo sem fertilizantes”. Mais tarde publicou várias revistas
que davam enfoque ao novo método e empenhou-se em divulgá-lo, de
modo que ele se expandiu gradativamente por todo o Japão. A partir
de 1950 foi definido o nome do método como “Agricultura Natural”
Nos
anos dez da Era Showa (1934 a 1942), quando Mokiti Okada iniciou a
pesquisa da Agricultura Natural, já começavam a ser muito usados no
Japão, resíduos de soja importados do continente e fertilizantes
químicos, como o sulfato de amônio, além dos tradicionais adubos
feitos com resíduo de colza e de peixe. Nesa época, teve início,
também, o uso de defensivos agrícolas para frutas e verduras. Pelo
fato de os defensivos e os fertilizantes não serem usados em grande
quantidade, como acontece atualmente, seus malefícios não vinham à
tona, e apenas se levavam em conta os resultados imediatos, ou seja,
a produção maior. Para o Japão, que estava entrando realmente num
regime de tempos de guerra, planear o aumento da produção de
alimentos e estabelecer um sistema de auto-suficiência era o assunto
urgente do momento, e o aumento da produção de alimentos constituía
uma das questões básicas da política nacional da época.
As
críticas em relação à agricultura contemporânea, que utiliza
fertilizantes químicos em grande quantidade e ampla pulverização
de defensivos agrícolas, começaram finamente a agitar os meios de
comunicação após a guerra, a partir dos anos quarenta da Era Showa
(1965 a 1973), quando os melefícios de tais produtos começaram a se
evidenciar. Numa época como esta em que estamos vivendo, a
Agricultura Natural constitui, na filosofia de Moliti Okada, um
aspecto muito importante do que ele chamou de Nova
Civilização,
como meio de salvação através dos alimentos. Mais de trinta anos
antes de tais acontecimentos, Mokiti Okada captou o clima de
negligência à natureza e à vida, o qual se oculta atrás da
civilização contemporânea e, sentindo os perigos oferecidos pela
agricultura química, continuou a pesquisar o caminho para solucionar
o problema.
Ele
pregou que a Agricultura Natural é um método agrícola que se
baseia na Natureza e a segue. No mundo Natural, animais e vegetais se
harmonizam e, através de uma interligação orgânica, mantêm a
vida. Tudo que existe no solo, segundo Moki Okada, são bençãos que
Deus atribuiu ao homem, de modo que, praticando-se uma agricultura
condizente com as Leis da Natureza, não há motivos para que as
colheitas não sejam fartas.
Princípio
da Agricultura Natural
“O
princípio da Agricultura Natural consiste em fazer manifestar a
força do solo. Até agora o homem desconhecia essa verdadeira
natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado a conhecê-la. Tal
desconhecimento levou-o a adotar o uso de adubos e acabou por
colocá-lo numa situação de total dependência em relação a eles,
tornando essa prática uma espécie de superstição. (...)”
“(...)Qual
é a propriedade do solo? Ele é constituído pela união de três
elementos – terra, água e fogo – os quais formam uma força
trinitária. Evidentemente, a força básica responsável pelo
crescimento das plantas é o elemento terra; o elemento água e o
elemento fogo são forças auxiliares. A qualidade do solo é um
fator importantíssimo, pois representa a força primordial para o
bom ou mau resultado da colheita. Portanto, a condição principal
para obtermos boas colheitas é a melhoria da qualidade do solo.
Quanto melhor for o elemento terra, melhor serão os resultados.
O
método para fertilizar o solo consiste em fortalecer a sua energia.
Para isso, é necessário, primeiramente, torna-lo puro e limpo,
pois, quanto mais puro o solo, maior é a sua força para o
desenvolvimento das plantas. Acontece, porém, que até hoje a
agricultura considera bom encharcar o solo com substâncias impuras,
contrariando frontalmente o que foi exposto acima, de onde se pode
concluir o quanto ela está errada. Para explicar esse erro usarei a
antítese, o que, penso, ajudará a compreensão dos leitores.
Desde
a antiguidade, os adubos são considerados elementos indispensáveis
ao plantio, mas a verdade é que quanto mais os agricultores os
aplicam, mais eles vão matando o solo. Com a adubação,
conseguem-se bons resultados temporariamente, mas, pouco a pouco, no
entanto, o solo vai ficando intoxicado, tornando necessário o uso de
mais adubos para a obtenção de boas colheitas. Assim, quanto maior
for a quantidade de adubos, mais contrários são os resultados.”
Mokiti
Okada
Como
podemos perceber pelo texto acima, contendo alguns fragmentos dos
princípios da Agricultura Natural pregados por Mokiti Okada, será
necessário desenvolver, por parte dos iniciantes no método, uma
visão
sistêmica
de todo o campo ou machamba. Isso quer dizer que precisaremos estar
atentos para estabelecer correlações entre vários elementos
diferentes do nosso sistema agrícola. Na abordagem convencional da
agricultura, estamos educados a focar nossas atenções em apenas
aguns poucos pontos, ou seja, apenas na planta em si e nas suas
necessidades primárias de nutrientes. Falando de outra forma, na
agricultura convencional o solo é visto apenas como um suporte
inerte, de onde nossas culturas poderão extrair o que necessitarem
para o seu crescimento e desenvolvimento e no exato momento em que
tais nutrientes se mostrarem esgotados, passa-se então a fornecê-los
a partir de fontes externas, tais como os fertilizantes quimicamente
formulados ou mesmo os adubos tidos como orgânicos. Não estamos
habituados a considerar o solo como uma espécie de ser vivo, que
interage com todo o seu meio ambiente através de intrincáveis
correlações de natureza biológica, química, física e até
metafísica.
Mokiti
Okada nos deixou o ensinamento de que o ponto fundamental da
Agricultura Natural está no reconhecimento da força do solo e da
necessidade de compreendermos sua natureza. Filosoficamente, ele usa
uma linguagem especial quando menciona os elementos primordiais do
universo – terra, fogo e água – e no início isso pode nos
parecer estranho. Mas à medida que vamos aprofundando nesses
conceitos e experimentando na prática o que prevê a Agricultura
Natural, será possível atingir um estágio de compreensão muito
maior do que aqui está exposto.
O
solo é composto por inúmeras epécies de microrganismos e
dependendo de sua origem geológica, será composto também por
diferentes proporções de fragmentos de rochas contendo diferentes
proporções de elementos químicos. Além disso, existem diferentes
quantidades de matérias orgânicas, de origem vegetal e animal que,
sob a ação constante de microorganismos e mesmo de insetos e outros
seres, sofrem decomposição e promovem um ciclo que é responsável
pela nossa presença no planeta. A esse ciclo damos o nome de Ciclo
da Vida.
Quando
observamos a Natureza, podemos constatar a existência de um
equilíbrio
dinâmico,
ou seja, o pleno funcionamento do Ciclo da Vida e de outros ciclos
mais específicos tais como o ciclo
da água, ciclo do nitrogênio, ciclo do fósforo, etc.
Portanto, a Agricultura Natural procura reproduzir, nos campos e
machambas, esses mesmos ciclos naturais. Na sua abordagem, como já
foi dito, vai-se muito além da planta em si, ou seja, leva-se em
consideração múltiplos fatores tais como a saúde
do
solo, do meio-ambiente e do próprio ser humano que trabalha a terra
e dela usufrui de seus frutos. Esse conjunto de fatores será um dos
responsáveis pelo estabelecimento de equilíbrios ecologicamente
saudáveis e, como consequencia direta, produtivos.
Qualquer um pode observar esse equilíbrio dinâmico em ação ao entrar numa área qualquer onde o mato tomou conta. Por exemplo, uma rápida visita a uma pequena floresta ou capoeira onde ainda não se trabalhou com agricultura ou mesmo onde está já não é praticada há algum tempo, irá nos revelar licões importantíssimas. Mesmo em áreas tidas como improdutivas para a prática agrícola, como explicar que depois de algum tempo “abandonadas” estabelece-se ai uma capoeira ou mesmo pequena floresta? Depois de alguns anos, como pode ai se desenvolver o mato, que por vezes se torna tão espesso que mal conseguimos andar pela área? Quem “adubou” esse solo? De onde vieram os nutrientes responsáveis pelo desenvolvimento das várias espécies vegetais e por que não existem pragas que consigam comer todo o mato deixando o campo limpo para que possamos cultivá-lo? A tal área não era improdutiva? Então de onde vem a força que gera e mantém vivo aquele ecossitema? Essas são algumas das muitas questões que iremos abordar e trabalhar ao longo desse nosso trabalho. Nos próximos módulos iremos procurar aprofundar em cada um deles e sua compreensão poderá nos ajudar a compreender realmente o que vem a ser a Agricultura Natural.
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