segunda-feira, 24 de março de 2014

Roteiro e Resumo de Aula - Aula 3: Proposição e desenvolvimento da Agricultura Natural



ROTEIRO DE AULA

Aula 3: Proposição e desenvolvimento da Agricultura Natural

HISTÓRICO
  • Na década de 30 do século XX
  • Mokiti Okada – Filósofo e espiritualita japonês
  • Criação de nova civilização
  • Proposição do “Método de Saúde seguindo os Princípios Divinos”
  • Johrei e Terapia de Purificação no Estilo Okada
  • A busca por materiais puros para praticar a Agricultura Natural
  • O melhor desenvolvimento das culturas e a melhor qualidade dos alimentos
  • Após a observação dos fatos
  • O principal erro da cgricultura convencional é negligenciar a natureza
  • Fertilizantes químicos, excrementos humanos e animais, defensivos agrícolas intoxicam plantações e solo, causando o aparecimento das pragas
  • A divulgação da Agricultura Natural teve início após a 1ª Guerra Mundial.
  • 1948 publicada 1ª Revista Tijo Tengoku
  • Artigo: “O cultivo sem fertilizantes.”
  • Nessa época eram usados no Japão fertilizantes químicos e aqueles feitos de resíduos de soja, colza e peixe; Também defensivos agrícolas para frutas e verduras
  • A Agricultura Natural é um método agrícola que se baseia na natureza e a segue.
  • Animais e vegetais se harmonizam e mantém a vida.
  • Tudo o que existe no solo são bençãos que Deus atribuiu ao homem.

LEITURA
  • Princípio da Agricultura Natural (Capítulo 3 do Módulo I da apostila do curso))
  • Resumo com pontos principais

PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL
  • Fazer manifestar a força do solo.
 
PROPRIEDADES DO SOLO
  • Constituído pela força dos três elementos: terra, água e fogo.
  • Força principal de crescimento das plantas é o elemento terra
  • As outras forças são forças auxiliares
  • Condição para boa colheita é a melhoria das qualidades do solo
  • Quanto melhor a terra melhor os resultados.

MÉTODO PARA FERTILIZAR O SOLO
  • Fortalecer a sua energia
  • Primeiramente troná-lo puro e limpo
  • Quanto mais puro o solo maior a força para o desenvolvimento das plantas
  • Quanto mais adubos se coloca no solo mais o intoxicamos, tornando necessário o uso de mais adubos para boas colheitas.

O QUE PRECISAMOS DESENVOLVER
  • Visão sistemica do campo ou machamba
  • Correlações entre vários elementos diferentes do sistema agrícola
  • Considerar o solo como uma espécie de ser vivo com correlações biológicas, químicas, físicas e metafísicas

PONTOS FUNDAMENTAIS
  • Reconhecimento da força do solo e da necessidade de compreendermos sua natureza.
  • O solo é composto por inúmeros diferentes microorganismos, elementos minerais, matéria orgânica (vegetal e animal) que são decompostos e promovem o ciclo da vida
  • Precisamos reproduzir esses ciclos.
  • Estabelecimento de equilíbrios ecologicamente saudaveis e produtivos.


LEITURA COMPLEMENTAR
(Capítulo 3 do Módulo I da apostila do Curso de Agricultura Natural)

3. Proposição e desenvolvimento da Agricultura Natural
Histórico
No início da Era Showa no Japão (1926 a 1986), Mokiti Okada, filósofo e espiritualisata japonês (1886-1955), coscientizou-se de que a criação de uma nova civilização era da maior urgência e importância e que essa era a sua missão. Propôs então sua filosofia baseada nesse conhecimento e sua primeira preocupação foi criar o “Método de Saúde segundo os Princípios Divinos”. Como resultado de pesquisas efetuadas durante longo tempo, deu início ao método do Johrei, também por vezes referenciado como Terapia de Purificação no Estilo Okada. Em seguida, passou a cuidar da criação de um novo método agrícola, segunda grande questão. Em julho de 1935 ele pregou os princípios fundamentais da Agricultura Natural e afirmou que, futuramente, viria uma época em que se colheriam produtos em abundância.
A maior parte das fazendas do Japão daquele tempo estava numa situação incalculavelmente trágica em relação às de hoje em dia. Os agricultores que alugavam terras alheias, tinham muitos gastos, encontrando-se num estado de extrema pobreza. Em 1934, especialmente na região nordeste, houve grandes danos devido ao frio e muitos agricultores não colheram sequer para comer.
No início de 1936 Mokiti Okada, auxiliado por alguns voluntários, iniciou o cultivo de verduras e legumes numa área de sua propriedade em Tóquio. Inicialmente esse tralbalho se deu de forma convencional e não demorou muito para ele perceber que precisava encontrar um novo caminho. Determinou então que todo o trabalho fosse feito sem o uso de qualquer tipo de fertilizantes químicos. Poucos anos depois, um de seus auxiliares, após percorrer várias regiões do Japão à procura de mudas e sementes de plantas que tivessem sido produzidas com a menor quantidade possível de fertilizantes, plantou-as e passou a cultivá-las segundo a orientação de Mokiti Okada. Dessa vez os resultados foram muito bons e, embora o crescimento fosse um pouco demorado, evidenciou-se que o sabor dos produtos era excelente e que não surgiam pragas.
Através de uma observação minunciosa desses fatos e comparando a agricultura que utiliza fertilizantes e defensivos químicos, assim como também fertilizantes de origem humana e animal, com o cultivo que só usa unicamente matéria orgânica vegetal, Mokiti Okada comprovou que o erro da agricultura tradicional é negligenciar a natureza. Ele obteve provas concretas de que os fertilizantes químicos, os excrementos de origem humana e animal e os defensivos agrícolas intoxicam as plantações e o solo, constituindo a causa do aparecimento de pragas e doenças; verificou, ainda que eles são prejudiciais à saúde dos homens e dos animais domésticos. Assim, pode constatar que o cultivo que usa apenas matéria orgânica vegetal é a agricultura realmente concorde com a Grande Natureza.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Mokiti Okada já havia criado o método agrícola sem fertilizantes e estabelecido a técnica de cultivo, mas a divulgação efetiva desse método só foi iniciada após a guerra. Em dezembro de 1948 foi publicado o primeiro número da revista “Tijo Tengoku” e nele, Mokiti Okada, sob o pseudônimo de Shin-no-Sei, publicou pela primeira vez um artigo sobre o assunto, intitulado “O cultivo sem fertilizantes”. Mais tarde publicou várias revistas que davam enfoque ao novo método e empenhou-se em divulgá-lo, de modo que ele se expandiu gradativamente por todo o Japão. A partir de 1950 foi definido o nome do método como “Agricultura Natural”
Nos anos dez da Era Showa (1934 a 1942), quando Mokiti Okada iniciou a pesquisa da Agricultura Natural, já começavam a ser muito usados no Japão, resíduos de soja importados do continente e fertilizantes químicos, como o sulfato de amônio, além dos tradicionais adubos feitos com resíduo de colza e de peixe. Nesa época, teve início, também, o uso de defensivos agrícolas para frutas e verduras. Pelo fato de os defensivos e os fertilizantes não serem usados em grande quantidade, como acontece atualmente, seus malefícios não vinham à tona, e apenas se levavam em conta os resultados imediatos, ou seja, a produção maior. Para o Japão, que estava entrando realmente num regime de tempos de guerra, planear o aumento da produção de alimentos e estabelecer um sistema de auto-suficiência era o assunto urgente do momento, e o aumento da produção de alimentos constituía uma das questões básicas da política nacional da época.
As críticas em relação à agricultura contemporânea, que utiliza fertilizantes químicos em grande quantidade e ampla pulverização de defensivos agrícolas, começaram finamente a agitar os meios de comunicação após a guerra, a partir dos anos quarenta da Era Showa (1965 a 1973), quando os melefícios de tais produtos começaram a se evidenciar. Numa época como esta em que estamos vivendo, a Agricultura Natural constitui, na filosofia de Moliti Okada, um aspecto muito importante do que ele chamou de Nova Civilização, como meio de salvação através dos alimentos. Mais de trinta anos antes de tais acontecimentos, Mokiti Okada captou o clima de negligência à natureza e à vida, o qual se oculta atrás da civilização contemporânea e, sentindo os perigos oferecidos pela agricultura química, continuou a pesquisar o caminho para solucionar o problema.
Ele pregou que a Agricultura Natural é um método agrícola que se baseia na Natureza e a segue. No mundo Natural, animais e vegetais se harmonizam e, através de uma interligação orgânica, mantêm a vida. Tudo que existe no solo, segundo Moki Okada, são bençãos que Deus atribuiu ao homem, de modo que, praticando-se uma agricultura condizente com as Leis da Natureza, não há motivos para que as colheitas não sejam fartas.

Princípio da Agricultura Natural
O princípio da Agricultura Natural consiste em fazer manifestar a força do solo. Até agora o homem desconhecia essa verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado a conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso de adubos e acabou por colocá-lo numa situação de total dependência em relação a eles, tornando essa prática uma espécie de superstição. (...)”
(...)Qual é a propriedade do solo? Ele é constituído pela união de três elementos – terra, água e fogo – os quais formam uma força trinitária. Evidentemente, a força básica responsável pelo crescimento das plantas é o elemento terra; o elemento água e o elemento fogo são forças auxiliares. A qualidade do solo é um fator importantíssimo, pois representa a força primordial para o bom ou mau resultado da colheita. Portanto, a condição principal para obtermos boas colheitas é a melhoria da qualidade do solo. Quanto melhor for o elemento terra, melhor serão os resultados.
O método para fertilizar o solo consiste em fortalecer a sua energia. Para isso, é necessário, primeiramente, torna-lo puro e limpo, pois, quanto mais puro o solo, maior é a sua força para o desenvolvimento das plantas. Acontece, porém, que até hoje a agricultura considera bom encharcar o solo com substâncias impuras, contrariando frontalmente o que foi exposto acima, de onde se pode concluir o quanto ela está errada. Para explicar esse erro usarei a antítese, o que, penso, ajudará a compreensão dos leitores.
Desde a antiguidade, os adubos são considerados elementos indispensáveis ao plantio, mas a verdade é que quanto mais os agricultores os aplicam, mais eles vão matando o solo. Com a adubação, conseguem-se bons resultados temporariamente, mas, pouco a pouco, no entanto, o solo vai ficando intoxicado, tornando necessário o uso de mais adubos para a obtenção de boas colheitas. Assim, quanto maior for a quantidade de adubos, mais contrários são os resultados.”
Mokiti Okada

Como podemos perceber pelo texto acima, contendo alguns fragmentos dos princípios da Agricultura Natural pregados por Mokiti Okada, será necessário desenvolver, por parte dos iniciantes no método, uma visão sistêmica de todo o campo ou machamba. Isso quer dizer que precisaremos estar atentos para estabelecer correlações entre vários elementos diferentes do nosso sistema agrícola. Na abordagem convencional da agricultura, estamos educados a focar nossas atenções em apenas aguns poucos pontos, ou seja, apenas na planta em si e nas suas necessidades primárias de nutrientes. Falando de outra forma, na agricultura convencional o solo é visto apenas como um suporte inerte, de onde nossas culturas poderão extrair o que necessitarem para o seu crescimento e desenvolvimento e no exato momento em que tais nutrientes se mostrarem esgotados, passa-se então a fornecê-los a partir de fontes externas, tais como os fertilizantes quimicamente formulados ou mesmo os adubos tidos como orgânicos. Não estamos habituados a considerar o solo como uma espécie de ser vivo, que interage com todo o seu meio ambiente através de intrincáveis correlações de natureza biológica, química, física e até metafísica.
Mokiti Okada nos deixou o ensinamento de que o ponto fundamental da Agricultura Natural está no reconhecimento da força do solo e da necessidade de compreendermos sua natureza. Filosoficamente, ele usa uma linguagem especial quando menciona os elementos primordiais do universo – terra, fogo e água – e no início isso pode nos parecer estranho. Mas à medida que vamos aprofundando nesses conceitos e experimentando na prática o que prevê a Agricultura Natural, será possível atingir um estágio de compreensão muito maior do que aqui está exposto.
O solo é composto por inúmeras epécies de microrganismos e dependendo de sua origem geológica, será composto também por diferentes proporções de fragmentos de rochas contendo diferentes proporções de elementos químicos. Além disso, existem diferentes quantidades de matérias orgânicas, de origem vegetal e animal que, sob a ação constante de microorganismos e mesmo de insetos e outros seres, sofrem decomposição e promovem um ciclo que é responsável pela nossa presença no planeta. A esse ciclo damos o nome de Ciclo da Vida.
Quando observamos a Natureza, podemos constatar a existência de um equilíbrio dinâmico, ou seja, o pleno funcionamento do Ciclo da Vida e de outros ciclos mais específicos tais como o ciclo da água, ciclo do nitrogênio, ciclo do fósforo, etc. Portanto, a Agricultura Natural procura reproduzir, nos campos e machambas, esses mesmos ciclos naturais. Na sua abordagem, como já foi dito, vai-se muito além da planta em si, ou seja, leva-se em consideração múltiplos fatores tais como a saúde do solo, do meio-ambiente e do próprio ser humano que trabalha a terra e dela usufrui de seus frutos. Esse conjunto de fatores será um dos responsáveis pelo estabelecimento de equilíbrios ecologicamente saudáveis e, como consequencia direta, produtivos. 

Qualquer um pode observar esse equilíbrio dinâmico em ação ao entrar numa área qualquer onde o mato tomou conta. Por exemplo, uma rápida visita a uma pequena floresta ou capoeira onde ainda não se trabalhou com agricultura ou mesmo onde está já não é praticada há algum tempo, irá nos revelar licões importantíssimas. Mesmo em áreas tidas como improdutivas para a prática agrícola, como explicar que depois de algum tempo “abandonadas” estabelece-se ai uma capoeira ou mesmo pequena floresta? Depois de alguns anos, como pode ai se desenvolver o mato, que por vezes se torna tão espesso que mal conseguimos andar pela área? Quem “adubou” esse solo? De onde vieram os nutrientes responsáveis pelo desenvolvimento das várias espécies vegetais e por que não existem pragas que consigam comer todo o mato deixando o campo limpo para que possamos cultivá-lo? A tal área não era improdutiva? Então de onde vem a força que gera e mantém vivo aquele ecossitema? Essas são algumas das muitas questões que iremos abordar e trabalhar ao longo desse nosso trabalho. Nos próximos módulos iremos procurar aprofundar em cada um deles e sua compreensão poderá nos ajudar a compreender realmente o que vem a ser a Agricultura Natural.




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