segunda-feira, 17 de março de 2014

Roteiro e Resumo de Aula - Aula 1: História da Agricultura


Roteiro de Aula
Aula 1: História da Agricultura
  1. Avaliação de conhecimento prévio dos alunos.
    1. Instrumento a ser utilizado: Questionário base com quadro de ideias
      1. Como surgiu a agricultura?
      2. Qual foi seu desenvolvimento posterior?
      3. Como se deu seu desenvolvimento até os dias atuais?
      4. O que significa o termo agricultura?
      5. Qual a realção da agricultura com o desenvolvimento da humanidade?
    2. Compilação das respostas com conclusão do material levantado.
  1. Vídeo: Agricultura a Origem.
    1. Síntese do filme com apresentação de algumas colocações pelos alunos.
  2. Conclusão e fechamento da aula apresentando os conhecimentos não abordados durante as discussões em sala de aula.
  3. Material de apoio: 1º capítulo do Módulo 1 da Apostila do Curso de Agricultura Natural.
*****
1. História da agricultura
(Capítulo 1, Módulo I da Apostila do Curso de Agricultura Natural)
Todo ser vivo precisa se alimentar e com o homem não ocorre de forma diferente. A única diferença entre ele e os outros animais é que, ao longo dos milênios, a humanidade aprendeu a produzir seu próprio alimento em escalas cada vez maiores.
Mas nem sempre foi assim. Nos primórdios da humanidade, o homem dependia da coleta de frutos, raízes, folhas e da caça de animais para se alimentar, o que nem sempre era posssível, já que em algumas épocas do ano a disponibilidade de alimentos na natureza não era suficiente para a alimentação humana. Também no caso da caça, ela nem sempre estava prontamente disponível, dependendo muitas vezes das épocas de migração de manadas e bandos de aves.
Porém, ao observar que alguns grãos e sementes caídas durante a colheita e transporte dos produtos germinavam e produziam plantas identicas às anteriores, o homem passou então a plantar essas sementes e grãos e deu-se, muito provavelmente assim, o início da agricultura no mundo.
A agricultura evoluiu lentamente e suas técnicas também. No início o homem apenas semeava, sem se preocupar exatamente como o fazia ou mesmo com a época certa do ano para fazê-lo. O uso de instrumentos também era insipiente e rudimentar, normalmente com “equipamentos” fabricados com troncos e posteriormente usando tração animal. Ao longo dos anos, com o advento do fogo e os instrumentos de pedra e metal, e o desenvolvimento de técnicas de produção como o terraceamento, o revolvimento do solo, ou mesmo o acréscimo de adubos originados de restos vegetais ou ainda de estrume animal, o homem deu continuidade a evolução da agricultura no mundo.
A produção de alimentos permitiu que o ser hunano tivesse mais tempo para se dedicar a outras atividades, já que não precisava deslocar-se a grandes distâncias para a coleta de frutos, verduras e raizes, e nem caçar animais durante muito tempo, uma vez que, assim, encontrava a maior parte da alimentação perto de casa, em seus quintais. Com isso o homem teve mais tempo para desenvolver ferramentas e técnicas, bem como o desenvolvimento da cultura.
O uso das ferramenteas e das técnicas agrícolas permitiu ao homem alimentar um maior número de pessoas e se aglomerar em pequenos grupos humanos, que posteriormente deram origem as pequenas vilas e cidades.
Com o aumento da população e a necessidade cada vez maior de alimentá-la, o homem precisava cada vez mais aumentar a produção de alimentos no mundo. Para isso desenvolveu técnicas agrícolas avançadas, a adubação animal, com compostagem do material, misturas de excremento de diferentes animais, técnicas de terraceamento, drenagem de água de terrenos pantanosos, alagamento para a produção de cultivos inundados, revolvimento de solo, queimadas, rotação de culturas, pousio de produção, maquinário agrícola, inicialmente movimentado por tração animal e posteriormente a motor, chegando atualmente a máquinas controladas via computadores.
A partir do início do século XX, a humanidade começou a utilizar em larga escala os chamados defensivos químicos, também conhecidos por agrotóxicos, além dos fertilizantes industriais. Dentre os agrotóxicos, nos dias de hoje usam-se bastante os herbicidas, inseticidas e fungicidas, além de outros. Todos esses processos e ferramentas desenvolvidos pelo ser humano, ao longo dos anos, permitiu inicialmente um grande aumento da produtividade. Entretanto, esta produtividade decaiu ao longo dos anos, principalmente nas últimas décadas, e inevitavelmente passou-se a necessitar de cada vez mais áreas para a manutenação da produção de alimentos em larga escala, o que vem resultando na abertura e desmatamento de grandes áreas de vegetação nativa. Com isso, apesar do aumento da produção, causada em parte muito mais pelo aumento das áreas utilizadas do que pelo resultado das técnicas desenvolvidas, o homem vem a cada dia degradando o meio ambiente, contaminando rios, solo, animais, plantas e pessoas com químicos tóxicos, devastando grandes áreas de vegetação nativa, e levando grande número de seres vivos a extinção.
Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico da agricultura moderna, a fome ainda é evidente no planeta e atualmente, conforme dados da Organização das Nações Unidas - ONU, ceca de mil milhões de pessoas passam fome em todo o mundo, vivendo em situação de miséria. E pelos levantamentos feitos por inúmeras organizações e cientistas mundo afora, a fome não é causada apenas pela falta de alimentos, mas principalmente por sua má distribuição. Por exemplo, a estratégia de produção de proteína animal pode ser considerada um verdadeiro desastre em termos de nutrição humana em áreas ambientalmente vulneráveis. Cálculos mostram que com a quantidade de cereais utilizada para alimentar frangos de corte e produzir um único quilograma de filé de peito, um corte nobre dessa ave, poderiam ser alimentadas quase 15 pessoas, caso os grãos fossem destinados diretamente à alimentação humana. Além disso, cresce cada vez mais a quantidade de áreas destinadas à plantação de grãos para a produção de biocombustíveis, como alternativa “verde” para a questão da energia. Contudo, o que se observa na prática, é a substituição gradual de áreas inicialmente destinadas para alimentar o ser humano por áreas destinadas a alimentar os automóveis pelo mundo afora. E esse verdadeiro “milagre” da tecnologia “limpa” vem sendo exportado cada vez mais para países cujas condições climáticas e até mesmo geoquímicas colocam-nos numa condição de preocupante de vulnerabilidade em termos de conseguir alimentar sua própria população. Também nesses casos, as áreas destinadas a produção de comida vem perdendo espaço para a produção de biocombustíveis.
Assim percebemos que o desenvolvimento da agricultura não é expandido de forma igualitária para toda a humanidade e que caminhamos para crises alimentares cada vez mais intensas, devido as grandes degradações ambientais, às mudanças climáticas, a má distribuição do alimentos e, consequentemente, o seu encarecimento.
Sempre que nos perguntamos o que é agricultura, nos vem à mente a produção de alimentos. Porém, a agricultura é muito mais do que isso. Podemos considera-la o conjunto de ferramentas, instrumentos e conceitos usados para cultivar a terra, ou seja, a cultura do trabalho com a terra. Mas também temos na agricultura a afirmação de culturas milenares, com o estabelecimento de relações humanas e valorização de tradições de povos e nações. Reduzir a agricultura simplesmente a uma técnica de produção de alimentos, sem se importar necessariamente com o bem estar de quem trabalha no campo, ou ainda nos benefícios reais que o resultado desse trabalho podem trazer para quem consumir os alimentos, e ainda, sem esquecer da necessidade de reconhecer as leis fundamentais da natureza, talvez tenha sido um dos grandes equívocos da humanidade nos últimos séculos. Isso tem gerado uma verdadeira onda de novos raciocínios e desenvolvimento de novas técnicas, métodos e principalmente, novos conceitos de como trabalhar nossos solos e produzir alimentos que realmente satisfaçam as necessidades humanas não apenas em quantidade mas também em qualidade.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário