sexta-feira, 17 de outubro de 2014

EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE

ANGÉLICA MARIANO CHISSANO
Agricultora






 
 
Chamo-me Angelica Mariano Chissano, tenho 56 anos de idade e sou agricultora. O que me levou a frequentar o Curso de Agricultura Natural foi o desejo constante que senti de melhorar a minha atividade agrícola, compreendendo mais sobre ela e poder ver a sua evolução além de um rendimento real no trabalho que faço.
Devo explicar que pertenço a uma família de agricultores. Meus avós praticavam agricultura de sustento onde produziam arroz, trigo e algumas hortícolas para o sustento diário da família. Meu pai, no nosso quintal, sempre incentivou a horta e dela tínhamos produtos suficientes para o consumo de casa e até ofereciamos a vizinhos e amigos. Eu não praticava, mas via como as coisas aconteciam.
Envolvida num projecto de reflorestamento e inserida num grupo associativo, cheguei no Distrito da Moamba há alguns anos onde fui apreciando o trabalho agrícola que as famílias desenvolviam no regadio daquele distrito, especificamente no Bloco II. Fui criando amizades e mostrei o desejo de ter uma pequena parcela de terra para cultivar. Numa primeira fase alguns agricultores cederam-me algum espaço dentro das suas parcelas e comecei a trabalhar. Pelos relatos que ouvia dos agricultores percebi que a agricultura é tudo para todos nós. É dela de onde tiramos o alimento, a renda para o sustento das nossas famílias e todo o necessário para o desenvolvimento: agronegócios, comercialização, processamento, industrialização e muito mais.
Dos poucos rendimentos que conseguia inicialmente, olhando e acompanhando a atividade de outros agricultores percebia ainda mais que é possível, com a agricultura, termos tudo o que nós queremos. Entretanto, eu não sabia como fazer, como evoluir e, em suma, não sabia muita coisa básica sobre a atividade agrícola. Eis então que em 2011 conheci a Igreja Messiânica e na reflexão que fui fazendo com os responsáveis, dentre várias preocupações que coloquei falei das dificuldades que tinha de fazer a evolução na minha atividade agrícola. Fui então encaminhada ao sector de Agricultura Natural, onde fui recebida pelo responsável e recebi a orientação. Esta orientação que cumpri e estou a cumprir de tal forma que me sinto satisfeita com os resultados que vou tendo.
Ainda falta muito por fazer, mas o trabalho está a correr bem. Já é visível o que eu não conseguia ver e ter, pois a meio do cumprimento das orientações básicas ganhei a permissão de transformar a minha horta de cultivo convencional para o cultivo nos métodos da Agricultura Natural. O que fez que no bairro onde resido atraísse, por curiosidade, pessoas em geral e até crianças, muitas das quais ajudei a montar suas próprias hortas caseiras da Agricultura Natural nos seus quintais e cuida-las. O grupo chegou a 20 crianças e durante o transcurso dos trabalhos algumas ganharam preguiça e outras, por influencias dos adultos e diferenças religiosas, não cuidaram da mesma maneira que começaram suas respectivas hortas. Outros mudaram de residência, mas dentre eles dois recomeçaram seus trabalhos e há poucos dias pediram sementes para refazer seus viveiros. Dos que continuam, um miúdo de 10 anos de idade está a colher berinjelas e rúcula e chegou a oferecer alguns de seus produtos a vizinhos, dizendo que vai passar a vende-los, porque “já são muitas berinjelas”. Eu perguntei-lhe como iria fazer a venda ao que respondeu: “Tia, eu avisei a minha mãe que nós aqui em casa não conseguimos acabar essa berinjela; já ofereci alguma e a quer for nascendo a partir de agora vou vender”. Disse também que já tinha conversado com a tia que trabalha em casa e esta já comprou duas berinjelas no valor de 10 meticais. Ele estava muito feliz e não parava de repetir: “Não vou parar mais. As pessoas deitam água dos pratos na minha horta, mas não vou parar. Até vou aumentar os canteiros e quero ter mais produtos na horta!”
Em relação aos agricultores convencionais da Moamba, não é fácil a mudança mas ganhei a permissão de a partir de um grupo de senhoras incentivar as hortas dos seus quintais. Tomando o exemplo da Sra. Ester, funcionária da Africarte e que neste ano de 2014 teve a oportunidade de comercializar sua produção de abóboras nas feiras promovidas pela Africarte, ganhei força para fazer com que aquele grupo de agricultoras aceitasse melhor a ideia da prática da Agricultura Natural. Embora o trabalho ainda não esteja totalmente sistematizado, já uma das agricultoras conseguiu vender rúcula e couve-chinesa do seu quintal da Agricultura Natural no comércio local da Moamba. Há alguns dias, outra senhora me telefonou a dizer que apesar das dificuldades já tem couve para a sopa oriunda do seu quintal.
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientação a agricultoras do Distrito da Moamba.
 
A meio da dedicação nessa coluna da Agricultura Natural também ajudei a montar uma horta numa creche da cidade de Maputo. A alegria dos donos da creche é muito grande pois eles já utilizam os produtos na alimentação das crianças que atendem. Desta maneira, os donos da creche convidaram-me a ajuda-los a montar a horta nas suas machambas em Chindenguele, província de Gaza, pelo método da Agricultura Natural. Essa atividade deverá ser iniciada ainda neste mês de outubro.
Uma senhora que é membro da Igreja Messiânica, Filomena Munguambi, e teve conhecimento dessas atividades com a Agricultura Natural me pediu ajuda na sua machamba na Macia, também província de Gaza. Da primeira vez que para lá me dirigi fui sozinha e logo iniciamos a montagem dos canteiros. Da segunda vez fui com duas das colega de curso, quando terminamos de demarcar os canteiros no formato de mandalas e fizemos a sementeira. Tenho falado constantemente com aquela senhora que diz estar muito feliz e continua a semear seus viveiros. Contou-me que teve conhecimento de uma amiga que estava doente e então colheu alguns dos seus produtos da horta, inclusive flores, e foi visita-la. Durante a visita, explicou a importância de alimentar-se de produtos da Agricultura Natural e a importância da flor. A amiga ficou feliz e disse que logo que ficasse boa irá fazer a Horta Caseira no seu quintal para poder resolver o problema da alimentação da sua família. 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de assistência técnica na machamba da Sra. Filomena Munguambi, na Macia.
 
 
Agradecida por todos esses acontecimentos, estou com muita força de continuar a expandir a prática da Agricultura Natural para muitas pessoas. Neste ano ganhei a permissão de fazer a montagem e acompanhamento da nossa machamba familiar em Changalane, de onde estamos neste momento a colher e vender produtos da Agricultura Natural como tomates, repolhos, cebolas e couves. Estou muito feliz por este trabalho, não só por conta do rendimento material mas também pelo fato de muitas pessoas estarem agradecidas e felizes por facilmente terem caril em casa a partir dos produtos que vendemos, conforme cometam em toda a comunidade de Changalane.
Minha alegria e felicidade de estar a perceber que é possível e fácil cada um de nós praticar a Agricultura Natural duma forma simples e sem grandes despesas. E perceber ainda que as comunidades só precisam de orientação e acompanhamento para ultrapassarem muitos dos problemas que parecerem, para muitas, o “fim do mundo”. É muito importante que cada um de nós tenha o coração aberto, saiba receber orientação e aplica-la. Estou muito agradecida a todos que me orientam e acompanham toda a atividade que faço, muitas vezes sem olhar horários e medir esforços. Especial obrigado à direção e coordenação da Africarte e a todos os colegas do Curso de Agricultura Natural.
Exposição dos produtos da Sra. Angélica na Feira Mensal de Produtos da Agricultura Natural promovida pela Africarte em Marracuene.
 
Que a expansão da Agricultura Natural seja uma missão de cada um de nós para o benefício de toda a nossa sociedade. Sugiro que o Curso de Agricultura Natural continue e que a sua divulgação para maior adesão seja constante por todos os meios que a Africarte tem para isso. Que todo aluno deste curso seja um pólo de divulgação do método da Agricultura Natural e não fique com a informação e conhecimento somente para si, mas que ganhe força de praticar para que os resultados apareçam e sejam compartilhados com muitas pessoas. A partilha é muito importante, praticando no seu local de residência, no seu emprego, na sua família.
Aprendi neste curso a entender melhor a Natureza e reconhecer que ela nos dá tudo o que precisamos para mudar nossos hábitos e postura em relação a ela própria. Fazemos queimadas, deitamos e enterramos lixo de qualquer maneira. Utilizamos muitas coisas sem respeitar o mínimo que nos faz manter saudáveis e ter boa vida.  Embora soubesse alguma coisa sobre o ambiente, alimentação e ecologia sinto que este curso me deu mais visão. Ainda preciso aprender muito para viver sempre bem. Muito obrigado pela permissão que tive de ser aluna deste curso. Muito obrigado a todos os intervenientes na programação, execução e monitoria deste curso.
Muito obrigada!
 
 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE

MARGARIDA ALEXANDRE MAHOLELE
Estudante
















Chamo-me Margarida Alexandre Maholele, tenho 24 anos de idade e sou estudante.

No inicio desse ano despertei a vontade de seguir o curso de agronegócio, mas como não foi possível me inscrever na faculdade optei pela Agricultura Natural como um ponto de partida, já que queria ter noções básicas sobre ela. No inicio achava inconveniente a forma de cultivo natural, pois eu vinha acompanhando minha avó cultivando sua machamba e o modo como o fazia era extremamente diferente daquilo que aprendemos no curso. Eu cheguei a pensar que nem havia necessidade de aprender sobre Agricultura Natural, mas ao longo do tempo fui percebendo o valor dela. A técnica de usar capim e folhas secas das arvores é um método puro e que mantêm o solo saudável e livre de impurezas e também exprime amor pela Natureza. A Agricultura Natural despertou em mim o amor pelas plantas e a vontade de aprender mais sobre elas. Hoje sei dar valor às hortícolas existentes naturalmente no meu país. Sei que um bom agricultor deve planear as suas culturas e deve valorizar os seus produtos de modo a colocá-los no mercado a um preço que corresponda ao seu trabalho.

Também tive o privilégio de perceber que um bom produto não é aquele que aparenta ser nutritivo mas sim aquele que foi produzido de modo a dar vida ao seu verdadeiro valor nutritivo. Graças às aulas do Curso de Agricultura Natural, hoje digo não aos adubos químicos assim como aos excrementos de animais e gostaria de trabalhar de modo a expandir essa novidade na minha comunidade. Atualmente não desenvolver atividades apreciáveis, mas pretendo aplicar esse conhecimento em forma de arte onde vou combinar o belo e a produção de alimentos de modo a atrair a atenção das pessoas.

No quintal da minha casa tenho uma pequena Horta Caseira onde já dei os primeiros passos. Cultivo nhangana, tseke, couves e folhas de abóbora, produtos que antes não dava absolutamente nenhum valor. Não foi fácil assimilar as novas técnicas mas valeu a pena e espero aprender mais nos próximos anos.

 

EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE

MARIA ODETE MUCHAVE
Professora
















A Agricultura Natural é um trabalho de cultivo na terra sem o uso de adubos químicos. Em principio ela deveria interessar a todo ser humano pela vasta gama de benefícios que tem proporcionado para a saúde do Homem. Pela mesma razão, depois de ter ouvido e lido varias experiências, e de ter provado o quanto os produtos da Agricultura Natural são saborosos e saudáveis, ganhei a motivação de participar neste curso para melhor entender e posteriormente fazer a sua aplicação e ainda expandir a sua prática para o bem estar da sociedade.
Em tempos que lá vão, desde a minha infância até a adolescência, tive grande oportunidade de viver a agricultura sem o uso de tóxicos, pois os meus pais dedicaram-se muito a ela, embora não o soubéssemos pela denominação "agricultura natural".
Meus avós tiveram grandes extensões de terras com variedades de cultura tais como milho, mandioca, batata-doce, arroz, cana-de-açúcar, feijão, amendoim, etc. Meus pais, talvez por influência, também o tiveram, para além dos mencionados, o algodão e muitas hortícolas. Lembro-me frescamente que dentro de cada um dos seus espaços eles faziam que nos darem, os filhos, uma ínfima parcela que a designávamos de "nossa machambinha" e, em nenhum momento vi usarem algum tipo de aditivo para o desenvolvimento das culturas, ou para eliminar a
Huma praga de quaisquer insectos. Pude aprender muitos passos de cultivo, transplantio, regadio, sachamento (capina), colheita e conservação tanto dos produtos quanto das sementes.
O curso que acabo de fazer, proporcionado pela Africarte, serviu de aprofundamento e, em grande parte, aprendi métodos e processos da Agricultura Antural melhorados, bastante interessantes, muito simples e sustentáveis com incontáveis vantagens para o melhoramento da alimentação do homem, proporcionando-lhe assim uma ótima saúde.
Para expandir a prática da alimentação saudável, tenho estado a utilizar o meu aprendizado através da Horta Caseira, tanto no quintal quanto em vasos. Já tive a oportunidade de consumir os meus próprios produtos cultivados em casa e o sabor é incomparável quando comparado ao dos produtos cultivados com agrotóxicos. Tenho estado a expandir essa prática para a minha família, amigos e vizinhos através de conversas, para além de lhes oferecer os produtos da minha própria colheita ou das compras que faço nas feiras da Africarte.
O curso foi ótimo e se tivesse que descrever os conteúdos marcantes em detalhes talvez preferisse fotocopiar todas as apostilas e anexa-las ao relatório, para dizer que tudo foi muito interessante, portanto sem nada excluir. Os ministrastes envidaram esforços de nos proporcionarem os instrumentos e outros materiais de trabalho. Foram realizadas varias deslocações para o campo e fim de pormos em prática a teoria aprendida, para além de um pequeno espaço que havia na própria instituição onde montamos alguns canteiros e plantamos algumas culturas. É de salientar que até houve aulas de demonstração de como conservar e confeccionar pratos com os produtos provenientes das colheitas e, no fim, os saboreamos.
No meu ponto de vista, achei o curso muito longo para mais de duas horas de aulas por cada um dos dois dias pré-estabelecidos. Sendo assim, sugiro que o próximo curso seja ministrado em dois dias por semana com apenas duas horas de aula e com a duração de dois meses.
Sem mais, gostaria de desejar a todos os participantes do curso uma boa prática no campo e transmissão fiel aos futuros candidatos que tiverem a permissão de receber essas aulas. Que também despertem cada vez mais a curiosidade e vontade de aprender, como o que tivemos enquanto alunos desse curso, pois o ambiente sempre foi cativante e harmonioso.
Os meus profundos agradecimentos a Deus, que me deu a permissão de participar nesse curso. Outros agradecimentos vão para os nossos professores, pela assiduidade e pontualidade nas aulas e também pela paciência com a qual se apresentavam em todos os momentos. Os agradecimentos também vão para a jovem Esmeralda que por vezes segurou algumas aulas no campo, com sua humildade e bom humor. Aos colegas do curso também vai o meu muito obrigado pelo espírito de trabalho colectivo e de ajuda mútua.



EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE

AMÉLIA ARMANDO NHALUNGO MUTEMBA
Professora


















O meu ingresso a este curso deve-se ao fato de eu ter sido formada no ramo da agricultura. Sendo professora da disciplina de agropecuária e aluna do curso de Ikebana, necessitava aumentar os conhecimentos sobre a Agricultura Natural.
No decorrer do curso aprendemos que a Agricultura Natural, cujo principio consiste em fazer manifestar a força do solo, é a prática de cultivar os vegetais da forma mais natural possível, sem o uso de agrotóxicos e nem de adubos de origem animal (estrume), para evitar prejuízos na saúde pública e alterações no sabor dos alimentos.
Aprendemos ainda varias formas de preparar o solo e semear e plantar diferentes culturas como couve, morangueiros, quiabo, tomate, feijão bôer, vários tubérculos, etc.
Aprendemos também a fazer o acompanhamento do crescimento das plantas, acrescentando sempre que necessário o composto orgânico, fazer a poda e o desbaste.
Foi-nos ensinadas varias técnicas de colher e processar os vegetais. Por exemplo, colher as folhas da batata-doce com os respectivos talos assim como processar o amaranto (tseke) sem retirar os seus, etc.
Em relação ao agroprocessamento, aprendemos a fazer geléias e licores a partir da polpa e da casca de alguns frutos.
Conhecemos novas plantas alimentares que nascem espontaneamente no nosso país como a vinagreira, considerada superalimento, fruto do cactos, Maria-preta, etc., e outras introduzidas como a rúcula, hortelã, aneto, erva-doce, e ainda o emprego de algumas partes das plantas na alimentação (sementes de tseke).
Durante as aulas praticas houve oportunidade de confeccionar alguns pratos tradicionais desde aperitivos, prato principal e até sobremesas (lifetse-Molina, bajhias, tihove, xiguinhas, bolos de massaroca e rúcula) e ainda saboreamos o chá verde quente e gelado, feito associando as folhas verdes de algumas ervas aromáticas. Saboreamos sandes de vegetais associando uma grande diversidade de plantas.
Após o início do curso a atenção ficou virada à manutenção das plantas de minha casa utilizando as técnicas da Agricultura Natural e houve muita motivação em adquirir novas plantas para aplicar melhor as técnicas aprendidas.
Para partilhar os conhecimentos obtidos, foram convidados os vizinhos, amigos, irmãos em Cristo e de sangue e alunas para uma demonstração da Agricultura Natural, cujo soltado tem sido maravilhoso e, uma vez aluna do curso de Ikebana, acabo associando a produção de flores à decoração.
Que a Agricultura Natural conste no programa curricular do ensino básico, de forma que haja mais assimilação e aproveitando a facilidade na disseminação da informação nesta faixa etária.
Que haja mais divulgação de informações acerca da Agricultura Natural, uma vez provados os seus benefícios para os seres vivos.




terça-feira, 7 de outubro de 2014

EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE

CALDINA FELISBERTO MABJAIA
Professora















Motivação para participar do curso
  • Vivência como encarregada de Hortas Caseiras;
  • A minha unidade religiosa (Igreja Messiânica) mudou a minha vida, tornando-me uma nova pessoa. Nasci de novo;
  • Conviver com pessoas de diferentes níveis culturais cultivou em mim novos sentimentos que constituem em saber compartilhar, apoiar, ensinar e distribuir em cada instante o muito obrigada, tornando felizes as outras pessoas;
  • Foi muito gratificante receber tantos obrigados de todos que da Horta Caseira e Escolar comiam;
  • Assim, essa missão foi o catalizador de querer aprender mais e mais nessa área.
 
Conhecimentos anteriores
  • Aqueles adquiridos nos aprimoramentos da Africarte como encarregada de Horta Caseira;
  • Aqueles adquiridos convivendo com outras pessoas em relação ao trabalho nas machambas. Por exemplo, na Manhiça deram-me o nome de “três amendoins”, pois foi a primeira vez que peguei na enxada para semear amendoim e quis introduzir três sementes por cova.
 
Aprendizado adquirido e sua utilização na vida profissional, familiar e amizade
  • Uso adequado do solo;
  • Valorização do meio ambiente;
  • Promoção da saúde humana;
  • Aumento da produtividade e biodiversidade;
  • Uso de materiais de baixo custo;
  • Expansão de culturas não vulgares em alguns níveis de vida (no campo, na periferia da cidade);
  • Promoção de alimentos locais “considerados de baixo e teor nutritivo” (que na verdade são excelentes nutricionalmente);
  • Utilização e ensino de conceitos típicos na área (escarificação, tutoramento, desbaste na vida profssional), e muito mais!
 
Acções desenvolvidas após o início do curso
  • Horta Caseira modelo em minha casa;
  • Incentivei muitos alunos, colegas, funcionários, vizinhos e irmãos da Igreja a praticar a Horta Caseira;
  • Promoção da saúde em familiares, amigos e irmãos da Igreja, alimentando assiduamente com vegetais segundo o exemplo do precursor da Agricultura Natural Mokiti Okada;
  • Em casa meu marido ajuda na promoção quando diz aos “amigos do copo” que nas manhãs se sente bem tomando um “chá japonês que minha mulher prepara”.
 
Agricultura Natural na comunidade e escola
  • Na comunidade e na machamba já foi referência anteriormente;
  • Na escola: em dois anos muitos alunos adquiriram uma auto-estima através do trabalho com a terra que serviu de agente facilitador no processo pedagógico criativo e trabalho em equipa.
 
Sugestões
  • Redução do fundo de tempo de aulas semanais;
  • Aumentar o número de aulas práticas;
  • Promover, durante a realização do curso, seminários sobre temas de conhecimento geral;
  • Incentivar os funcionários afectos na limpeza da instituição a remover o lixo ao redor da horta;
  • Ministrar cursos em dois horários (manhã e tarde).
 
Muito obrigada!

 





 (Horta Escolar no Instituto Industrial de Maputo, onde a profa. Caldina é docente)






 

(Visita a Horta Modelo da unidade religiosa da Igreja Messiânica onde Caldina é encarregada de Hortas Caseiras)
 
 
 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE

ANTONIETA MARCACIA ANTONIO JAFAR
Professora




 
 
 
 
 
 
 
 
Chamo-me Antonieta Marcacia Antonio Jafar, de nacionalidade moçambicana, nascida na província da Zambézia, distrito de Namacurra, localidade de Macuse. Tenho 61 anos de idade e sou professora.
Meus avós e bisavós sempre tiveram grandes plantações de coqueiros e outros produtos tais como arroz, milho, mandioca, feijão manteiga, feijão nhemba, feijão boer, feijão soloco e outros. Quanto a hortícolas,  cultivavam alface, couve e outras. Dos coqueiros eles extraíam sura como bebida e também madeira para mobílias e caixões. O coco servia de alimento e dele também extraíam óleo e sabão; da casca do coco faziam couro de colchões; com o macubar cobriam casas e também confeccionavam vassouras; o cafuro servia de lenha. 
Sendo neta e bisneta de agricultores abracei essa atividade com gratidão. Quando ingressei na Igreja Messiânica, um dos ensinamentos do fundador Mokiti Okada que mais me tocaram foram aqueles relacionados com a Agricultura Natural.
Além desse curso também tive a oportunidade de frequentar a formação para professores oferecida pela Igreja Messiânica e a Africarte. Os conhecimentos adquiridos nesse ano, no Curso de Agricultura Natural em Moçambique, já estão a ser repassados para os meus alunos em aulas na própria escola onde trabalho.
Com o curso aprendi muitas coisas, como por exemplo o preparo da terra, preparo das mudas e manutenção das plantas, importância das barreiras de vento com papaieiras e feijão boer (feijão guandu).
Em Agricultura Natural estou a desenvolver acções na província da Zambézia (distrito de Nicuadala, localidade de Nicurruma) com 61 pessoas num projecto de associação para o desenvolvimento da mulher e criança rural. Nessa atividade já temos uma machamba com mil pés de ananaseiros, mandioca, milho, feijão nhemba, feijão boer e muitas outras culturas. Quanto às hortícolas já tivemos alface, couves, beterrabas e feijão toroco.
O aprendizado da Agricultura Natural não foi difícil porque a população não utilizam estrumes e fertilizantes. A diferença é que eles queimavam o capim. Com as aulas e orientações, eles entenderam os princípios da Agricultura Natural e conseguiram aceita-los, sendo hoje muito gratos pelos ensinamentos transmitidos.


sábado, 4 de outubro de 2014

EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE

VIRGÍNIA VASCO MATSINGE








 
Meu nome é Virgínia Vasco Matsinhe, tenho 36 anos de idade e sou estudante do Curso de Agricultura Natural. O que motivou a fazer o curso foi a curiosidade de saber um pouco mais sobre o método e também sobre as Hortas Caseiras.

O conhecimento anterior sobre agricultura era muito pouco. Eu sabia que para plantar era preciso por estrume (excremento) de animais na terra para depois lançar sementes afim de serem germinadas. Também as culturas agrícolas mais conhecidas em casa eram o amendoim, o milho, folhas de batata-doce, folhas de abóbora e as folhas de feijão nhemba. O tomate por exemplo, era semado de qualquer forma, já que não tinha ideia de como plantá-lo.

No Curso de Agricultura Natural aprendi muita coisa. Além de plantar, aprendi também a gostar de plantar! Aprendi que as pessoas podem produzir seu próprio alimento e ter alguma coisa para comer mesmo sem ter dinheiro no bolsa para ir às compras, colhendo seus produtos na machamba ou na Horta Caseira. Aprendi que nos nossos quintais, mesmo que não tenhamos muito espaço, é possível plantar e cultivar alimentos em bacias, vasos, etc. Hoje já sei plantar batata-reno, morangueiros, temperos e muito mais. Aprendi o valor dos alimentos e como dar vida às culturas.

Utilizo o meu aprendizado com a Agricultura Natural de várias formas. Procuro ensinar as pessoas como se deve plantar sem usar estrumes, explicando que é possível plantar sem adubos químicos e outros venenos e ainda que não é preciso muito espaço para as pessoas começarem a plantar o próprio alimento, como eu mesmo tenho feito no meu quintal.

Na minha vida profissional tenho planos de produzir alimentos e um sonho de ser produtora de batata-reno para fornecer a alguns revendedores. O que mais me marcou no curso, dentre muitas outras coisas foi aprender a produzir batatas e morangos, culturas que ainda não tinha ideia de como serem plantadas.

As acções que já desenvolvo na Agricultura Natural, após o início do curso, são de produzir vários alimentos incluindo a batata-reno em grandes quantidades para o consumo próprio e também para oferecer aos familiares. Também tenho a intenção de vender os meus produtos no período de festas. Com isso, já consumo produtos naturais da minha horta como folhas de abóbora, folhas de mandioca, aneto, morangos, alfaces, couves e salsa.

Todos esses aprendizados e experiências levo à família, comunidade e amigos, para quem procuro explicar como devemos plantar pelo método da Agricultura Natural e explico as vantagens que os alimentos naturais trazem para o nosso organismo; além disso, tendo fazer as pessoas entenderem as folhas secas das árvores que varrem, deitam fora e queimam são matéria-prima para a produção de um grande composto orgânico para produzir alimentos saudáveis.

Como sugestões para a melhoria do curso, acredito que nas próximas turmas deviam ter um espaço maior para as aulas práticas, onde cada aluno pudesse ter um canteiro na sua responsabilidade para ele plantar e cuidar, afim de ser avaliado quanto ao conteúdo ensinado.

Agradeço muito à professora Juliana e ao professor Alexandre por terem transmitido de forma específica e clara o conhecimento sobre a Agricultura Natural. Desde o início das aulas até então, a minha vida profissional mudou muito e para melhor.

Obrigada!



sexta-feira, 3 de outubro de 2014

EXPERIÊNCIAS E SUCESSOS COM O CURSO DE AGRICULTURA NATURAL EM MOÇAMBIQUE


ELSA NHELETI CHISSANO
Funcionária administrativa

Meu nome é Elsa Nheleti Chissano, sou funcionária administrativa da Woodmart, empresa que trabalha com madeira; sou formada em Turismo e Gestão de Empresas Turísticas.

Tomei conhecimento do Curso de Agricultura Natural através de uma prima que é membro da Igreja Messiânica Mundial de Moçambique, mana Angélica. Fiquei curiosa, pois o nome do curso sugeria algo diferente.

De agricultura conhecia muito pouco. Agora sei que quase nada mesmo! Os meus avós paternos sempre foram grandes agricultores (machambeiros) e talvez por isso tivesse em mim algum conhecimento geral, hábitos e costumes sobre agricultura. O meu pai trabalha com botânica e plantas medicinais mas mesmo assim tudo que aprendi nesse curso foi uma grande descoberta para mim. Foi uma grande novidade!

A curiosidade por algo diferente, a necessidade de preencher os tempos vagos com algo divertido, o quebrar da rotina, tudo isso, aliado à curiosidade natural por culturas, hábitos e costumes diferentes dos meus levou-me a grandes mudanças de comportamento. Levou-me, sobretudo, a ver o mundo com outros olhos, a saber ver no escuro, a pensar de forma diferente e finalmente a saber respeitar a Natureza, mãe de todos nós.

Graças a esse curso hoje sinto-me uma pessoa diferente. Existe mais harmonia na família, aprendi a ser paciente e tolerante, aprendi que tudo na vida e uma questão de carinho, amor e respeito pela natureza.

As diferenças me fascinam, gosto de experimentar e aprender algo diferente e aparentemente o curso tinha muito de diferente!

Cresci a saber que sempre devia plantar algo que servisse não so para o consumo de casa mas que pudesse também ser moeda de troca para adqurir outros tipos de produtos. Durante o curso essa percepção mudou, passei a ver a machamba não apenas como uma fonte de alimentação em casa mas também como fonte de harmonia dentro das famílias, como um equilíbrio, um dos pilares basilares da mesma. Agricultura Natural é muito mais do que plantar e colher, vender e comer; Agricultura Natural é o equilíbrio da própria Natureza, e saúde, harmonia, amor e bem-estar.

Comecei a implementar o conhecimento obtido durante as aulas (sim, de facto nossas aulas eram verdadeiras doações de conhecimentos por parte de nossos professores) e aos poucos fui ganhando as minhas próprias experiências.

As primeiras sementes lancadas no quintal da casa dos meus pais, onde resido, foram-me oferecidas carinhosamente pela colega Olga durante as aulas (sementes de couve tronchuda). Hoje não só produzo as minhas próprias sementes como também as distribuo por entre amigos e familiares.














Nesse curso aprendi que o importante não é apenas conhecer técnicas e implementá-las, mas também saber agradecer e compartilhar!

No principio foi um pouco difícil pois as pessoas com quem vivo, principalmente minha mãe e funcionários domésticos, nasceram e cresceram em ambientes de machambas. Portanto conheciam muito bem as suas técnicas e por isso se recusavam a aceitar as diferenças entre a agricultura convencional e a Agricultura Natural. Que agricultura pode não ser natural? Essa era a pergunta que não parava de soar nos meus ouvidos.

Se antes deitavam água com restos de vegetais (tomate, pepino, pimentos), hoje todo mundo colabora na hora de proteger os canteiros, na recolha e aprovisionamento de capim e folhas secas para elaboração de composto, que é a matéria usada para fertilização do solo dos canteiros. Inclusive há disputa para a rega dos mesmos! Se antes eu disputava espaço para montar os canteiros, pois nossa casa esta em obras, hoje a obra tende a adaptar-se aos espaços entre os canteiros.

A parte que mais gostei do curso foi a de hortas caseiras e jardins produtivos, pois abriu-me a possibilidade de criar novas formas de canteiros, diversificação de cores, melhorando a beleza do meu ambiente e assim mudar a minha própria vida.


 










(Jardim produtivo em implantação na residência de Elsa)
 
 
Consegui produzir rabanetes, morangos, erva-doce, coentro e outros no meio de pedras numa tentativa de criar um jardim produtivo porque acreditei que tudo era uma questão de amor, e paciência. Sobretudo acredita que era uma questão de gratidão.

As primeiras mudas de morangueiros para iniciar a famosa experiência de jardim produtivo recebi da colega Amélia. Melita, como carinhosamente a chamamos, é quem mais tarde viria a ser uma das grandes companheiras numa dedicação de caracter social, num centro de acolhimento de crianças portadoras de deficiências mantido pela missão católica “Dom Orione”, onde conjuntamente com as outras colegas de curso Angélica e Filomena, começamos um processo de remodelação de uma horta caseira, implementando tudo o que aprendemos durantes as aulas: beleza, criatividade e utilidade.

(Horta da Missão Dom Orione de Moçambique que está a ser reformulada por Elsa e mais algumas alunas do Curso de Agriculrura Natural)

Após a magnifica experiência com os morangueiros em casa, aprendi que não valia a pena disputar espaço para os meus canteiros, de modo que fui me encaixando, muito agradecida, entre os espaços que sobravam da obra. Porém, hoje o “dono da obra”, e meu pai, sugere que termine a montagem do meu jardim produtivo para, de acordo com os espaços que sobrarem, encaixar as pequenas infra-estruturas que lhe faltam construir. Sem dúvida foi uma vitória para mim, mas ainda há muito por se fazer.











(Morangueiros em produção no jardim Produtivo)


A parte relacionada a alimentação também foi muito importante. Aprendi a saber o que comer, como comer, e sobretudo a ter verdadeiro prazer em comer. Para os próximos cursos, sugiro que haja a componente nutrição, informação básica para uma boa alimentação e alguns exemplos claros dos elementos obtidos na hortas que produzimos.

Agradecer aos professores, especialmente a professora Juliana que me ensinou a ter essa paciência e sobretudo me deu coragem suficiente para matar a minha curiosidade, fazendo as minhas próprias experiências. Professora, como plantar maçã? E o gengibre? Perguntava eu muitas vezes e a resposta da professora Juliana era incansavelmente a mesma: Não sei, Elsa. Experimenta!























Pois de experiência em experiência descobri que era uma questão de sentimento. Tudo o que eu precisava era de um pouco de carinho, curiosidade e fé. A Natureza me dava o resto.

Agradecer aos colegas e familiares que nesse momento têm me ajudado a melhorar esse jardim que se tornou minha vida.

Com esse curso aprendi a olhar diferente para o meio em que vivo. Por exemplo, se meu vizinho deita as garrafas plásticas no lixo porque ele vê nelas algo sem valor, eu já vejo em cada garrafa uma oportunidade de criar algo diferente, um novo vaso por exemplo, uma experiência, uma nova vida.

A todos, espero e conto com vosso apoio. Vamos todos juntos construir jardins produtivos nas nossas vidas!


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

CURSO DE AGRICULTURA NATURAL E GESTÃO AMBIENTAL - 2015: AULA 9

O texto de referência para a aula de produção de sementes é o Manual Kokopelli de Sementes. Nós organizamos o material disponibilizado no website da Fundação Kokopelli na forma de uma apostila que pode ser baixada aqui.



Este material não se destina para fins comerciais. Em caso de dúvidas ou dificuldades para fazer o download, por favor entre em contato com nossa equipa em Moçambique através do e-mail:
alexandre.bertoldo.silva@gmail.com

terça-feira, 2 de setembro de 2014

AULA 28: APROVEITAMENTO TOTAL DOS ALIMENTOS E GASTRONOMIA NATURAL

3. Aproveitamento total dos alimentos e gastronomia natural
(Capítulo 3 do Módulo 5 da Apostila do Curso de Agricultura Natural)

Agora que já provocamos o leitor e o instigamos a buscar tomar consciência total de como o seu alimento é cultivado, processado e comercializado até chegar à sua mesa, torna-se muito importante compreender também que será preciso desenvolver o conceito de aproveitamento total desses mesmos alimentos. Afinal, gastamos muita energia, recursos naturais, esforço braçal, etc. para conseguirmos que esse alimento natural esteja prontamente disponível para todos nos. Então, nada mais lógico do que entendermos que, na maioria das vezes, nossos alimentos podem ser consumidos em sua totalidade. Exemplos comuns são as folhas de vários tubérculos e ao longo desse módulo da nossa apostila já apresentemos e discutimos o uso de varias delas. O dendledle (folha de batata doce), a nhangana (folha de feijão nhemba) e a mboa (folha de abóbora) são apenas alguns exemplos. A lista segue com as folhas da beterraba, que podem ser consumidas cruas em saladas, refogadas ou cozidas em sopas. também temos as folhas de cenoura, rabanetes e diversas outros legumes. No caso das batatas, podemos consumi-las com casca, considerando mais uma vez que estaremos sempre, no âmbito desse nosso trabalho, considerando que esses produtos foram cultivados segundo os fundamentos da Agricultura Natural.

Neste capítulo vamos nos dedicar mais a passar algumas dicas e receitas culinárias de como aproveitar melhor nossos alimentos. Porém, assim como fizemos nos Capítulos 4 e 5 do Módulo 3 onde tratamos da produção de doces e geléias e a desidratação de alimentos, também aqui daremos apenas uma referência do que pode ser feito aproveitando partes dos alimentos que normalmente, dependendo da região, acabam por ser jogadas no lixo. Muitas vezes isso acontece pelo desconhecimento do valor nutricional e também do sabor que muitas dessas partes de alimentos possuem. Portanto, com essas receitas básicas esperamos que o estudante possa tomá-las como ponto de partida e desenvolver seus próprios pratos.


Algumas dicas antes de por as mãos na massa

Antes mesmo de começar a cozinhar, precisamos lembrar mais uma vez os cuidados necessários com a higiene pessoal e do nosso local de trabalho. Unhas sempre bem aparadas, cabelo preso, roupas limpas (e de preferencia claras), utensílios e panelas bem limpos e higienizados, etc.

No caso especial de usarmos os produtos de nossa horta também precisamos ficar atentos quanto a eventuais sujidades, principalmente se for o caso de uma horta urbana. Mesmo que não façamos uso de químicos e adubos artificiais, muitas vezes pode ser o caso dos produtos serem cultivados numa ambiente geral não muito limpo (poeira, fuligem, etc.) ou mesmo ter a presença de animais como gatos e galinhas. Por isso é muito importante estar atento quanto a correta lavagem dos alimentos, conforme descrevemos no Módulo 3 da nossa apostila.

Quando for usar talos de hortícolas procure dar preferência para aqueles mais novos e tenros. Quanto mais velho for um talo maior a chance dele estar duro e fibroso, o que dependendo do tipo de prato que for cozinhar pode não dar um bom resultado final.

Evite abusar do sal e do açúcar. Muitas vezes nos livros de receitas em geral aparece a indicação de sal ou açúcar a gosto. Sempre que possível use adoçantes naturais alternativos como o mel ou ainda sumo de frutas mais doces como laranja bem madura, ananás, manga e outros quando for o caso.

O sal pode ser o marinho ou ainda aqueles especiais a base de cloreto de potássio, bem menos agressivos ao nosso organismo. Mas se não tiver esses produtos a disposição, tente simplesmente educar o seu paladar para usar menos do sal comum mesmo.


RECEITAS

Omelete verde
Ingredientes:
4 ovos (inteiros)
1 colher (sopa) de queijo fresco ralado (pode usar mussarella)
1 colher (sopa) de farinha de trigo
1/2 chávena (chá) de folhas de beldroega, serralha, bertalha, tsec, picadas
1/2 chávena de salsa e cebolinha picada
Sal e pimenta a gosto
Óleo para untar
Recheio:
1 lata de sardinha
1 chávena (chá) de tomate picado
1/2 chávena (chá) de cebola picada
Salsa e cebolinha a gosto
Modo de preparo:
Coloque em uma tigela os ovos, a cebola, o queijo, a farinha de trigo. Mexa bem e acrescente a beldroega, a mostarda, salsa e cebolinha, tempere a gosto. Unte uma frigideira, deixe aquecer e coloque um pouco de massa. Deixe dourar e vire. Coloque na metade ma massa um pouco do recheio e dobre o omelete em formato de meia-lua. Deixe dourar e retire.

Torta salgada com ora-pro-nobis
Ingredientes:
4 ovos inteiros
1 chávena (chá) de óleo (de preferência de girassol)
2 chávenas (chá) de leite
2 chávenas (chá) de farinha de trigo
1/2 chávena (chá) de cebola picada
1 colher (sopa) de fermento em pó
1 chávena (chá) de folhas de ora-pro-nobis picadas
2 chávenas (chá) de queijo fresco ralado
2 latas de sardinha
Orégão e sal a gosto
Modo de preparo:
Bater todos os ingredientes no liqüidificador (exceto o ora-pro-nobis, o queijo e a sardinha). Unte uma forma com óleo. Coloque a metade da massa, o ora-pro-nobis, o queijo e orégão por cima. Cubra com o restante da massa. Bata um ovo inteiro e passe por cima da massa pincelando. Assar em forno médio.

Charuto com folhas de chiquebo (inhame)*
Ingredientes:
1 chávena (chá) de carne moída
1 chávena (chá) de arroz cozido
1 chávena (chá) de cenoura ralada
1 chávena (chá) de cebola picada
1 colher (sopa) de óleo ou azeite
Tempero alho e sal
Salsa e cebolinha a gosto
Folhas novas de chiquebo
Modo de preparo:
Amasse todos os ingredientes em uma bacia e enrole em formato de quibe. Lave bem as folhas de chiquebo, corte-as em tiras seguindo as linhas naturais. Envolva a massa com tirinhas de chiquebo, formando os charutos e prenda com palitos. Coloque os charutos ordenados em uma panela. Coloque sobre os charutos o óleo ou azeite. Cubra os charutos com água e leve para cozinhar, até reduzir o caldo. Coloque o cheiro verde e sirva.

Arroz com vinagreira
ingredientes:
4 chávenas (chá) de arroz cru
2 chávenas (chá) de carne seca picada
1 chávena (chá) de cenopura ralada
1 chávena (chá) de milho verde
1 chávena (chá) de folhas de vinagreira picadas
1 colher (chá) de alho amassado
1/2 chávena (chá) de cebola picada
1 colher (sopa) de óleo
Sal e pimenta a gosto
Modo de preparo:
Coloque em uma panela o óleo, alho, a cebola e a carne seca e mexa por alguns minutos até dourar. Coloque o arroz e refogue um pouco. Acrescente a cenoura e os temperos e a água e deixe cozinhar. Depois do arroz cozido, misture o milho verde e as folhas de vinagreira picadas e desligue o lume. Colocar em uma travessa e decorar com a flor da vinagreira.

Salada verde com flor de capuchinha
Ingredientes:
1 maço de folhas de azedinha
1 maço de folhas de beldroega
1 maço de folhas de agrião
Flores de capuchinhas inteiras
1 chávena (chá) de tomate cereja
Molho de sumo de limão, azeite, orágão e sal
Modo de preparo:
Lavar as folhas e secar. Montar a salada com as folhas. Decorar com as flores de capuchinha e os tomates cereja. Servir com o molho de limão.

Bolinho de chiquebo com carne moída
Ingredientes:
2 chávenas (chá) de chiquebo cozido e amassado
1 ovo
1 1/2 chávena (chá) de farinha de trigo
1 chávena (chá) de queijo ralado
1 colher (chá) de fermento em pó
1/2 chávena (chá) de cebola picada
1 chávena (chá) de carne moída
1 colher (chá) de alho amassado
Cebolinha e salsa a gosto
Óleo para fritar
Modo de preparo:
Refogar a carne com os temepros e deixar cozinhar até secar toda a água e reservar. Amassar bem o chiquebo, com o ovo inteiro, até formar uma massa lisa. Acrescentar farinha de trigo, queijo, fermento, até o ponto de enrolar. Abrir na mão pequenas porções da massa, rechear com uma colher de carne refogada e fechar bem, dando a forma de bolinhos. Passar na farinha de trigo e fritar em óleo bem quente. Colocar sobre papel toalha para absorver o excesso de gordura.

Pão de chiquebo com ervas
Ingredientes:
3 colheres de fermento biológico fresco
1 chávena (chá) de água
2 colheres 9sopa) de mel
5 chávenas (chá) de farinha de trigo
1 colher (chá) de sal
2 chávenas (chá) de chiquebo cozido e amassado
1 colher (sopa) de alecrim seco ou outras ervas, a gosto
1 chávena (chá) de manteiga
Modo de preparo:
Numa bacia ou tigela grande, dissolver o fermento na água com o mel. Junte um pouco da farinha só para formar um mingau. Deixe borbulhar (cerca de 20 minutos). Junte o sal e o chiquebo cozido, mexa bem.
Vá acrescentando aos poucos a farinha de trigo mexendo com uma colher de pau. Quando ficar duro de mexer, passe para uma superfície de trabalho enfarinhada e vá juntando farinha à medida que amassa, até formar uma massa homogênea.
Junte as ervas. Sove um pouco e adicione aos poucos a manteiga, vá amassando até incorporá-la toda à massa. junte mais farinha, aos poucos, até formar uma massa bem lisa, brilhante e que não gruda nas mãos.
Colocar a massa novamente na tigela grande, coberta com plástico ou um pano. Espere a massa crescer até dobrar de volume. Divida a massa em três e molde os pães compridos ou redondos, Coloque numa assadeira grande untada e polvilhada, deixando espaço entre eles. Deixe crescer novamente por cerca de 30 minutos ou até os pães dobrarem de volume.
Polvilhe com farinha de trigo e leve ao forno pré-aquecido bem quente e deixe assar por 10 minutos. Abaixe o lume (lume médio) e deixe assar por mais 50 minutos. Os pAes devem ficar bem dourados.

Sopa de legumes com beldroega
Ingredientes:
1 maço de folhas de beldroega (sem os talos)
2 chávenas (chá) de batatas picadas
1 chávena 9chá) de cebola picada
1 colher (chá) de alho amassado
1 chávena (chá) de tomates maduros picados sem pele e sementes
3 colheres (sopa) de azeite
Sal a gosto
Modo de preparo:
Coloque os legumes picados em uma panela com um litro de água. Junte o azeite, temepre com sal e leve ao lume até ficarem bem cozidos. Prepare a beldroega reservando apenas as folhas. reduza o conteúdo da panela a purê, acerte o sal e leve novamente ao lume para ferver. Junte as folhas de beldroega e deixe cozinhar. Sirva bem quente.

Sopa de tsec
Ingredientes:
1 maço grande de tsec
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de farinha ou creme de milho amarelo
1/2 colher (chá) de alho amassado
1 folha de louro
6 chávenas de caldo de carne ou galinha
2 colheres (sopa) de cebola bem picada
Sal e pimenta a gosto
Modo de preparo:
Coloque a manteiga em uma panela, juntamente com a cebola e o alho e refogue. Junte a farinha de milho, refogue-a até dourar. Acrescente o caldo de carne ou galinha e a folha de louro. Deixe levantar fervura. Acrescente as folhas de tsec e cozinhe por mais 10 a 15 minutos, ou até o tsec ficar cozido.

Sumo de talos
Ingredientes:
2 chávenas de talos de hortícolas bem lavadas e picadas (rúcula, couve, beterraba, agrião, beldroega, etc.).
1/2 chávena de sumo de limão
1 chávena de açúcar  (se preferir pode diminuir a quantidade de açúcar)
8 chávenas (chá) de água bem gelada
Modo de preparo:
Bata todos os talos no liqüidificador com um pouco da água. Coe em uma peneira fina e junte o restante da água, o sumo de limão e o açúcar e bata novamente no liqüidificador. Servir logo após o preparo.

Flor de abóbora empanada
Ingredientes:
10 flores de abóbora, colhidas com os talinhos
2 chávenas (chá) de farinha de trigo
1 ovo
1 colher (chá) de fermento em pó
1 chávena (chá) de água gelada
Sal e pimenta a gosto
Modo de preparo:
Misture a farinha, a água, o ovo, o fermento e os temperos numa tigela. Quanto estiver formada uma massa homogênea, insira as flores de abóbora nessa massa segurando pelo talinho e frite em seguida em óleo quente. Retire quando estiverem fritas e coloque sobre um papel toalha para retirar o excesso de óleo e sirva.