terça-feira, 22 de julho de 2014

AULA 21: Movimento da agricultura urbana no mundo

2. Movimento da Agricultura Urbana no Mundo
(Capítulo 2 do Módulo 4 da Apostila do Curso de Agricultura Natural)

O movimento da agricultura urbana não é novo no mundo. Em muitas cidades ao redor do planeta ela é práticada e vemos em alguns países um incentivo forte para que isso ocorracada vez mais, enquanto também, em sentido contrário, vemos alguns países a tentarem dificultar esta prática.

Estima-se que 15% de todos os alimentos consumidos nas áreas urbanas sejam cultivados por agricultores urbanos e que essa porcentagem duplique nos próximos vinte anos. Para se ter uma idéia da escala de envolvimento das pesoas nesse tipo de atividade, estima-se que cerca de 800 milhões de pessoas estejam envolvidas na produção agrícola urbana no mundo todo.

Em países como Cuba e Rússia, por exemplo, a agricultura urbana é responsável por grande parte da alimentação da população, e são retiradas toneladas de alimentos das cidades anualmente.

Aproximadamente 72% de todas as famílias urbanas na Federação Russa cultivam alimentos. Berlim, por sua vez, tem mais de 80 mil agricultores urbanos. (Fonte: UNCHS, 2001a e 2001b).

Em Cuba, após a queda do comunismo na Rússia e a intensificação do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, o país viu-se numa grande crise alimentar, pois a maior parte do que produzia na época era direcionado a exportação, enquanto sua alimentação era importada dos países comunistas/socialistas.Dessa forma, através de uma grande iniciativa governamental, iniciou-se um grande projeto para a produção de alimentos nas áreas urbanas de todo o país sendo esta atualmente responsável pela produção de mais de 2 milhões de toneladas de alimentos por ano.

Em África apesar de nem sempre existirem estudos mais aprofundados sobre o assunto vemos a agricultura urbana sendo praticada em muitas cidades e vilas. Isso deve-se em parte pelas condições nem sempre adequadas que as famílias africanas, principalmente aquelas que vivem nos perimetros das cidades e nas vilas interioranas, tem em adiquirir seus alimentos. A agricultura urbana em muitos desses casos é a única fonte de alimentos que boa parte dessas famílias encontra.

Em contrapartida, encontramos também em muitas dessas áreas espaços enormes com água disponível e nada plantado. Quintais limpos, vazios e bem varridos, enquanto os moradores passam fome, ou mesmo desequilíbrios nutricionais advindos de uma dieta deficiente.

Alguns desses casos são explicados pelo distanciamento da terra, geralmente das gerações mais novas, que foram afastadas de suas localidades devido aos grandes períodos de guerra, e com isso não tiveram a oportunidade de aprender a cultivar a terra. Mas em outros casos isso se explica por questões sociais, já que a agricultura em muitos desses países é considerada profissão menor, praticada por quem não teve outra oportunidade na vida. Em muitos desses casos as pessoas que conseguiram chegar a viver nas cidades, e com isso ter uma profissão diferente, não admitem que elas ou seus filhos retornem à enxada.

Mas geralmente em África a produção urbana, ou periurbana, de alimentos é muito presente. Em alguns países esse cultivo é mais presente como por exemplo no Quênia e na Tanzania, onde 66% das famílias urbanas cultivam alimentos utilizando todos os espaços disponíveis nas cidades.

Observamos essas características também em Moçambique quando, durante o período chuvoso, as áreas desocupadas e até as bernas das estradas se transformam em campos de cultivo, onde principalmente as senhoras cuidam do plantio de milho, amendoim, feijão nhemba e abóbora, culturas que necessitam de poucos cuidados para produzirem.


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